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UEPG lança cartilha que determina 50% de ocupação dos laboratórios e distanciamento de 1,5m
Há mais de um ano, em16 de março de 2020, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) suspendeu as aulas por conta da COVID-19. Naquele momento, ainda não havia casos de pessoas com a doença na cidade, o primeiro registro foi confirmado no dia 21 de março, ou seja, cinco dias após a suspensão das aulas. De lá para cá, a UEPG adotou o ensino remoto como modelo de ensino. No início do ano letivo de 2021, a universidade liberou os laboratórios para os alunos da graduação e pós graduação para a conclusão das pesquisas de iniciação científica, mestrado e doutorado.
Nesse modelo de ocupação, os alunos deveriam, caso necessário, ser divididos em grupos pré definidos pelos professores coordenadores desses laboratórios, com o objetivo de evitar aglomerações. Até ontem (17) Ponta Grossa registrou 24004 casos de covid-19 e 467 mortes.
Naquele longínquo 16 de março de 2020, o reitor da UEPG, Miguel Sanches Neto, informou por meio de um vídeo, publicado no mesmo dia, que a equipe administrativa e o comitê técnico avaliaram o quadro atual (lembrando que se trata de março de 2020) e decidiram pela suspensão das atividades acadêmicas que engloba: ensino, pesquisa e extensão, por duas semanas. No vídeo, o reitor ainda reafirmou a explosividade na proliferação do vírus e disse que durante as duas semanas que se iniciavam naquele momento haveriam reuniões para decidir sobre o andamento das atividades acadêmicas com deliberação do Conselho Universitário.
No dia seguinte, ainda sem registro de casos da Covid-19 em Ponta Grossa, o Conselho Universitário (COU) da UEPG decidiu pela suspensão do calendário geral da universidade, mas ainda com o funcionamento das atividades administrativas, mesmo em número de funcionários e horário reduzido: das 8h às 12h.
Posicionamento da UEPG durante a Covid-19
21 de março de 2020: primeiro caso da Covid-19. Como medida preventiva, a UEPG limitou o acesso ao Campus Uvaranas. Na nota, a universidade afirma que estão autorizados apenas os professores que precisam retirar algum material “extremamente necessário ao período de isolamento”, alunos que residem na casa do estudante e servidores escalados para a execução de serviços.
26 de março de 2020: três casos confirmados na cidade. O vice-reitor, Everson Augusto Krum, afirma por meio de um vídeo que a UEPG está no caminho certo. “Sim. Estamos no caminho certo no combate ao Coronavírus em Ponta Grossa. É com muita responsabilidade que venho a público para defender esta afirmação, chancelada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, que há mais de 45 dias protagoniza um conjunto de ações voltadas à mitigação da pandemia em nossa cidade”, diz. No mesmo material, Krum reforça que para um cenário de incertezas, o antídoto é a informação qualificada e contextualizada a cada realidade. “Não devemos ceder ao senso comum que, por vezes, nos equipara a algumas nações e ao fazê-lo nos joga num cenário apocalíptico. Devemos também refutar aqueles que negam o vírus e pedem que voltemos à vida normal”, explica.
1 de abril de 2020: ainda com os três casos confirmados. A UEPG lança uma série de vídeos chamada “papo reto com o reitor” com o objetivo de atualizar periodicamente sobre as atividades da UEPG em relação ao combate à Covid-19. No primeiro vídeo, Miguel Sanches Neto reforça que a UEPG foi a primeira universidade estadual no Paraná a suspender as aulas e a criar medidas de isolamento para proteger a comunidade, mostrando a preocupação da UEPG com a saúde coletiva. O reitor também aponta para a produção de máscaras e álcool em gel pela universidade e distribuição dos mesmos para a comunidade. “A Universidade Estadual de Ponta Grossa é uma universidade comprometida com a saúde coletiva, com a população de uma maneira geral e com a boa política da propagação da ciência, porque é isso que nos resta nesse momento: acreditar na ciência”, diz. No total, o “papo retor com o reitor” teve cinco episódios.
9 de abril de 2020: cinco casos confirmados na cidade. Na reunião do Conselho Universitário da UEPG decidiu-se pela manutenção da suspensão dos calendários presenciais. Nova reunião havia sido marcada para o dia 27 de abril de 2020.
27 de abril de 2020: ainda havia cinco casos confirmados na cidade. O Conselho Universitário da UEPG manteve a suspensão dos calendários presenciais como havia sido feito na reunião do dia 9 de abril.
30 de junho de 2020: 349 casos confirmados e uma morte, confirmada no dia 10 de junho. O Conselho Universitário da UEPG aprovou o retorno do calendário das atividades acadêmicas com atividades remotas a partir de 20 de julho e retorno presencial a partir de fevereiro de 2021.
17 de dezembro de 2020: 9730 casos e 182 mortes. O Conselho Universitário da UEPG aprovou o adiamento das aulas presenciais de 3 de fevereiro para 30 de abril.
18 de dezembro de 2020: 9819 casos confirmados e 182 mortes. A UEPG reforça que é preciso de autorização por decreto do Governo para que haja o retorno das aulas presenciais, mas afirma que está em permanente avaliação para que todas as atividades possam ser retomadas, principalmente as disciplinas práticas presenciais.
9 de janeiro de 2021: 13444 casos confirmados e 216 mortes. A UEPG declarou luto oficial de 4 dias em respeito às 200 mil mortes em decorrência da Covid-19.
8 de fevereiro de 2021: 18168 casos confirmados e 319 mortes. A UEPG libera a pesquisa presencial para os alunos da graduação e pós-graduação com uso dos laboratórios dos campi da universidade.
9 de março de 2021: 22283 casos confirmados e 413 mortes. A UEPG lança cartilha para todos os usuários dos campi UEPG.
O documento estabelece:
- ocupação de apenas 50% de sua capacidades para todas as salas de aula e laboratórios e distanciamento social mínimo de 1,5m
ventilação natural, com portas e janelas dos ambientes sempre abertas, evitando o uso de ventilador e ar condicionado - higienização dos laboratórios e banheiros realizada duas vezes ao dia, antes do início do turno de atividades
- elevadores só devem ser usados em situações de excepcionalidade com apenas um usuário em seu interior
- permanência dos discentes nas dependências da instituição deve ocorrer somente durante o tempo de realização das atividades didático-pedagógicas e/ou técnico-científicas
- condutores de veículos que estejam apenas trazendo o usuário do campus não devem sair de seus veículos e circular pelas dependências da instituição.
Essas medidas visam regulamentar as atividades tanto dos alunos quanto dos professores durante as atividades presenciais, na cartilha também constam protocolos para acesso permanência nos Campus Uvaranas e Campus Central.
Campus Uvaranas
- o acesso ao campus Uvaranas ocorre pelo portal principal na Avenida General Carlos Cavalcanti, local de aferição da temperatura
- o usuário do campus deve direcionar-se diretamente ao local/bloco em que desenvolverá suas atividades, com máscara e respeitando distanciamento social, sem aglomerações
- as mãos devem ser higienizadas para acesso ao local
Quando autorizado o retorno das aulas presenciais:
- o acesso ao bloco será permitido com antecedência de 20 minutos do início das atividades
- o discente deverá direcionar-se diretamente ao laboratório/sala de aula que haverá atividade
- o discente deverá acomodar-se e permanecer na bancada/carteira que será utilizada, observando o distanciamento social, e iniciar o procedimento de higienização do espaço e do equipamento que será utilizado individualmente por ele
- ao término da atividade, o discente deverá higienizar a bancada/carteira e o equipamento que utilizou
Campus Central
- o acesso ao campus Central ocorre pela rua Penteado de Almeida, sendo a temperatura aferida para oa cesso
Quando autorizado o retorno das aulas presenciais:
- Bitencourt e Bonifácio Vilela, com aferição de temperatura para o acesso
- o discente deverá direcionar-se diretamente ao laboratório/sala de aula em que terá atividade, respeitando distanciamento social, sem aglomerações
- o discente deverá acomodar-se e permanecer na bancada/carteira que será utilizada, observando o distanciamento social, e iniciar o procedimento de higienização do espaço e do equipamento que será utilizado individualmente por ele
- ao término da aula, o discente deverá higienizar a bancada/carteira e o equipamento que utilizou
Para acessar a cartilha completa, clique aqui.
Ao longo desses 12 meses de combate a Covid-19, a UEPG flexibilizou as medidas de segurança quanto à contaminação do vírus. O próprio vice-reitor, como mencionado anteriormente, afirmou que deveríamos refutar aqueles que pedem que voltemos à vida normal. Um ano depois e com 467 vidas perdidas por conta da Covid-19 as dependências da universidade podem novamente ser ocupadas por professores e alunos.
Ficha Técnica:
Repórter: Vítor Almeida
Supervisão: Professor da Disciplina de Textos III, Vinícius Biazotti.
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- Produção: Leriany Barbosa
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O Grupo de Pesquisa História, Intelectuais e Educação no Brasil e no contexto internacional (GEPHIED) da UEPG lança, no próximo dia 11/03, às 19h, o livro “Os intelectuais em contextos nacionais e internacionais: campos, fronteiras e disputas”, produzido pelos pesquisadores Névio de Campos e Gerardo Garay Montaner. O evento acontece em formato online. A obra conta com a colaboração de Gisèle Sapiro, professora na França, dentre outros autores e autoras.
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Projetos de extensão são o tema para comemorar o aniversário do curso de Jornalismo UEPG
Em comemoração ao aniversário de 35 anos, o curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa organiza coletânea de textos. A proposta em forma de livro, é coordenada pelos professores Marcelo Bronosky, Ivan Bomfim e Muriel Amaral. O material, escrito em parceria entre professores, ex-professores e acadêmicos, faz parte de uma ação em homenagem aos anos de curso, juntamente com vídeos-relatos - disponíveis nas redes sociais - e um selo comemorativo.
Criado em 1985, o curso é responsável pela formação de mais de 1000 profissionais. Ao longo da história, diversos professores e colaboradores integraram o quadro do Departamento de Jornalismo (Dejor). A ideia do lançamento surgiu naturalmente, pois a escrita é comum em comemorações da graduação a cada cinco anos. O tema escolhido para a edição foca nos projetos de extensão, os atuais e aqueles desenvolvidos em mais de três décadas. “A extensão é um dos eixos do curso e, neste momento, anda recebendo muita atenção pelos estudantes e professores”, afirma o professor Bronosky ao explicar o motivo da escolha pelos projetos.
Os artigos são de autoria dos coordenadores de projetos e alunos participantes. As páginas discutem sobre a prática da extensão, avaliando dificuldades e colaborações às comunidades atingidas, pois esse é o desafio da extensão. O livro registra seis trabalhos, alguns em conjunto entre docentes e alunos, que tematizam diversas experiências extensionistas nos 35 anos de Jornalismo UEPG e projetos específicos como o Cultura Plural e o Lente Quente.
De acordo com uma das participantes da ação, a estudante Manu Benicio, houve uma maior participação dos professores, mas foi importante para ela participar do projeto. “É importante a participação em projetos de extensão e pesquisa, pois destaca alguns momentos dos 35 anos do Curso”, conclui a coautora do texto sobre a produção fotojornalística do Lente Quente.
A obra será lançada em versão digital e está prevista ainda para o primeiro semestre de 2021. O coordenador avalia a possibilidade de lançar uma cópia impressa. “A versão física ainda está em negociação”, comenta. Outras informações sobre o projeto e o lançamento da coletânea, podem ser encontradas no site do departamento.
Ficha técnica:
Repórter: Tamires Limurci
Supervisão: Sérgio Gadini
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- Produção: Alexandre Douvan e Luiza Sampaio
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Cursar Medicina é o sonho de muitas pessoas. No Bloco M do Campus Uvaranas da UEPG, esse sonho se concretiza, mas a duras penas. Sem a estrutura adequada, com corte de bolsas de pesquisa federais (CAPES e CNPq) em virtude dos contingenciamentos ocorridos nos governos Temer e Bolsonaro, o ensino acaba defasado, o desenvolvimento de pesquisas é prejudicado e o retorno social dos investimentos acaba sendo reduzido.
A maioria dos microscópios utilizados pelos estudantes dos cursos de Ciências Biológicas e da Saúde da UEPG foram adquiridos pela instituição em 1977, bancadas estão com rachaduras de ponta a ponta e correm o risco de ceder, faltam produtos químicos para atividades laboratoriais e a maioria dos reagentes utilizados nos estudos estão vencidos. É isso o que encontra quem decidir visitar os cursos de Biologia e Medicina da UEPG.
Laboratórios sem equipamentos
Katia Sabrina Paludo, professora do Departamento de Biologia Estrutural, Molecular e Genética e membra do colegiado do curso de Medicina, expõe as dificuldades enfrentadas pela falta de recursos e materiais nos cursos de ciências biológicas. Ela afirma que chega a pensar em desistir de fazer pesquisa devido aos enormes percalços que enfrenta diariamente.
“Muito do que a gente gosta de fazer e faz é porque realmente gostamos muito” diz a professora, enquanto nos mostra as condições estruturais do Laboratório 75 do Bloco M. Há 12 microscópios sobre uma bancada de concreto e todos eles apresentam algum tipo de defeito. A própria bancada tem uma rachadura de ponta a ponta e está formando uma parábola. É um laboratório onde são ministradas aulas de Histologia, que é uma disciplina de todos os cursos da área da Saúde, como Medicina, Farmácia, Enfermagem e os três cursos de Biologia. “É um laboratório usado exaustivamente e nós trabalhamos com pelo menos um terço dos microscópios que são do ano de 1977. Eles ainda estão resistindo, mas já passaram do prazo de uso”, relata Paludo.
Como se não bastasse os equipamentos estarem longe das condições ideais de uso, somente podem ser utilizados se os professores tirarem dinheiro do próprio bolso para isso. Paludo conta que “os microscópios também são bancados com recursos nossos [dos professores]”, pois os equipamentos demandam manutenção e insumos para o funcionamento. “Também temos lâminas que vieram de projetos de pesquisa de professores-pesquisadores, mas, nas suas próprias pesquisas, também têm que desembolsar dinheiro e esse é um dos nossos problemas”.
O desabafo da professora Katia Paludo é acompanhado por outros professores. Michele Dietrich, que é chefe do Departamento de Biogenética da UEPG, aponta que a falta de reagentes faz com que os próprios estudantes de pós-graduação precisem comprar materiais para desenvolver suas pesquisas. Atualmente uma bolsa de mestrado tem o valor de R$ 1.200 ao mês. "A maioria dos reagentes que a gente usa custa esse valor [R$ 1.200] ou até mais", afirma Dietrich.
Dietrich também reclama da falta de apoio da universidade, que "disponibiliza um pouco para as aulas, mas não para a pesquisa, e nós compramos muitos materiais que faltam do próprio bolso, por exemplo, o álcool 70, que utilizamos para esterilização e a limpeza dos materiais, das bancadas, porque tudo precisa estar muito bem limpo e esterilizado".
Professores que pagam para poder trabalhar
“Nós temos uma série de limitações.” É assim que a professora Paludo começa a resposta quando questionada sobre como desenvolve suas pesquisas em um ambiente cuja estrutura deixa a desejar. E conclui: “no laboratório em que eu trabalho com mais três professores pelo menos, a maior parte do mobiliário fomos nós que custeamos a confecção”.
Sem recursos, mas também sem querer deixar as pesquisas pararem, os professores do Setor de Saúde tiveram que apelar para “vaquinhas” feitas por internet como solução para comprar geladeiras e um freezer, que são indispensáveis no caso de pesquisas em que se trabalha com organismos que precisam estar constantemente na temperatura correta. Do contrário, toda a pesquisa pode ser prejudicada. “Temos também um micro-ondas que foi doado pela minha mãe e assim a gente vai organizando e trabalhando, realizando a pesquisa”, conta Paludo.
Mesmo os professores tendo que despender do próprio dinheiro para equipar um laboratório, ainda faltam produtos utilizados no cotidiano das aulas e da pesquisa. Produtos consumíveis como reagentes e outros materiais são, na maior parte, custeados pelos próprios professores. Um caso que ilustra o quadro é o de uma estufa que precisa de abastecimento de CO2 por meio de um cilindro. O aluguel do cilindro e a carga são pagos pelos professores que o utilizam.
A professora Dietrich conta que, para a pesquisa, só se consegue dinheiro através da pós-graduação, que não chega a ser suficiente para garantir cada pesquisa individual. Mas lembra que os estudantes da graduação que desenvolvem trabalhos de Iniciação Científica (IC) também têm projetos de pesquisa, mas que a verba é muito baixa. A pesquisa de IC "terá gastos de materiais e a universidade não vai custear. O que nós conseguimos são bolsas de R$ 400, mas não dinheiro para manutenção da pesquisa que o aluno estará desenvolvendo", explica Dietrich.
Ensino e Pesquisa sem o mínimo de recursos
No dia 11 de setembro, o Tribunal de Contas do Estado do Paraná emitiu um acórdão no qual determina que as Secretarias de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e da Fazenda (Sefa) apliquem a verba que deixou de ser executada em ciência e tecnologia no estado entre os anos de 2012 e 2015.
A Constituição do Paraná estabelece no art. 205 que o estado deve investir anualmente, no mínimo, 2% do total da receita no desenvolvimento de pesquisa e tecnologia. O processo que resultou no acórdão foi instaurado pelos conselheiros do Tribunal de Contas nas prestações de contas anuais (PCA) de 2014 e de 2015 do Governo do Estado do Paraná. Em 2014, foram destinados para a pasta de Ciência e Tecnologia R$ 304,8 milhões, o que representa 1,83% da base de cálculo. Em 2015 o percentual foi ainda menor, de 1,67% da receita tributária estadual, que em valores absolutos foi de R$ 312 milhões. Naquele período, o Secretário de Ciência e Tecnologia do Paraná era o ex-reitor da UEPG, João Carlos Gomes.
Quando nos atemos apenas às cifras, o montante de recursos destinados parece enorme, mas, na prática, não é bem assim. O Paraná é o estado com o maior número de universidades estaduais do Brasil, com sete instituições, nas quais estão matriculados atualmente cerca de 100 mil estudantes divididos entre os 377 cursos de graduação, 304 cursos de especialização, 186 mestrados e 83 doutorados, de acordo com dados da Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público (APIESP). A verba destinada à Ciência e Tecnologia é dividida entre as instituições, mas isso não significa que seja integralmente destinada às pesquisas. É com esse dinheiro que são comprados os materiais de consumo, é realizada a manutenção de equipamentos e são pagas as despesas cotidianas.
Faltam bolsas para pesquisadores e pesquisas não são aceitas no exterior
Ana Caroline Silva é mestranda no programa de pós-graduação em Ciências Biomédicas da UEPG. Estuda biologia celular e passa nove horas por dia no laboratório, das 8h da manhã até às 17h. Para a pesquisadora, uma bolsa de pós-graduação seria o ideal para que pudesse continuar o desenvolvimento do trabalho sem precisar recorrer a outros meios.
"A bolsa ajudaria a desenvolver meu projeto e mantê-lo na linha original. Eu tive que mudar a pesquisa e adaptá-la devido a não ter o auxílio da bolsa e nem a universidade ter verbas suficientes para comprar os materiais", afirma.
Silva conta que, no princípio, seu projeto visava testar linhagens celulares específicas, que logo se notou não existirem na UEPG. Por ter que comprar os insumos necessários sem verba da instituição, teve que adaptar toda a pesquisa.
Não é apenas Silva que se encontra nessa situação. Paludo aponta que seus alunos estão sempre correndo o risco de perder a bolsa. “A gente consegue produzir ciência com grandes limitações. Nós temos as agências de fomento, junto a quem nós poderíamos inscrever projetos para conseguir financiamentos, com um número cada vez menor de editais, para conseguir participar e sair um pouco dessa situação. Temos nossos alunos que estão a todo tempo correndo risco de perder bolsa”, desabafa.
Dietrich conta que começou a sentir a falta de recursos de 2014 para 2015, quando o número de editais começou a diminuir e a verba de fomento à pesquisa foi rareando. "Esse cenário da universidade também é um cenário que vem do país, com os cortes que estão tendo, conseguimos ver claramente", analisa.
A conjuntura histórica nunca favoreceu o desenvolvimento de pesquisas no Brasil
Os recursos destinados pelo governo estadual às instituições estaduais de ensino superior, como visto acima, são parcos. A APIESP aponta que, apenas na UEPG, há 878 estudantes nos mestrados acadêmicos, 91 nos mestrados profissionais e 365 doutorandos. Desses estudantes de pós-graduação, 224 recebem bolsas de mestrado e 112, de doutorado. As bolsas são um método de garantir que os estudantes desenvolvam suas pesquisas com dedicação exclusiva, sem precisar dividir o tempo entre trabalho e estudo.
Convidamos a coordenadora do Programa de pós-graduação em educação da UEPG, Gisele Masson, para analisar a conjuntura da pesquisa no Brasil. Masson é doutora em educação pela Universidade Federal de Santa Catarina na linha de Educação, História e Política. Para ela, no Brasil, a pesquisa “nunca foi incentivada da mesma maneira como nos países desenvolvidos”, pois aqui as políticas sempre foram “voltadas mais para a preparação profissional de força de trabalho e não para o desenvolvimento científico e tecnológico de alto nível”, aponta.
Sobre o atual panorama das bolsas de pesquisa e o fato de os editais de financiamento para professores pesquisadores não estarem sendo lançados, Masson afirma que “isso demonstra o não incentivo à produção científica nas universidades públicas”.
Isso tudo enquanto a pesquisa Research in Brazil, da estadunidense Clarivate Analytics, de 2017, demonstra que 95% da ciência produzida no Brasil é desenvolvida nas universidades públicas – que historicamente nunca receberam os recursos considerados suficientes para o pleno desenvolvimento de suas atividades.
Sobre a questão do desenvolvimento das pesquisas, Masson diz que “esse sempre foi um problema no Brasil, mas nessa conjuntura atual, a gente vê que, no ponto de vista de um projeto político de incentivo nas universidades públicas, está absolutamente em xeque”. Ela complementa que é muito difícil para um pesquisador que demanda equipamentos ou recursos para coleta de dados não ter esse incentivo, pois as pesquisas acabam mutiladas.
“Ao invés de avançarmos, estamos retrocedendo”, elenca Masson. Em sua análise, na atual conjuntura, “há mais limites do que possibilidades de avanços, e o que a gente defende é que as universidades públicas sejam valorizadas e possam contar com um financiamento, seja para custeio, seja para produção científica, bolsas para os estudantes, pois já tínhamos bolsas limitadas e isso se agravou”. Masson enfatiza que “essas são condições mínimas, básicas e fundamentais”.
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- Produção: Mariana Santos e Thaiz Rubik
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Na última aula das disciplinas de Núcleo de Redação Integrada II e de Audiovisual II, o 3° ano do curso de Jornalismo fez diferente. As três turmas práticas se juntaram no fechamento do telejornal Correspondente Local. A produção do Correspondente Local, que normalmente tem prazo de uma a duas semanas, desta vez será produzido em um dia. Com isso, os alunos têm a oportunidade de ter a experiência da rotina diária de uma redação.