Principais reclamações vêm de alunos de cursos integrais da instituição

 

A volta do ensino presencial após a pandemia trouxe preocupações com a saúde dos discentes. Os relatos de sobrecarga, insônia e tempo insuficiente de lazer são alguns pontos de reclamação dos estudantes da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Para realizar um panorama desta situação, a reportagem realizou uma pesquisa breve no começo de junho com 17 estudantes da instituição para conhecer suas principais queixas. Mesmo sem fins científicos, os relatos ilustram a realidade de um grupo significativo de estudantes.

UEPG Eder Carlos

Foto: Eder Carlos/Arquivo Periódico

Dos discentes entrevistados, 11 relataram complicações em relação ao tempo de lazer e sono, além de finais de semana prejudicados por tarefas da Universidade. Desses, nove cursam graduação em período integral e ao chegarem em casa à noite, se dedicam aos trabalhos e provas para os dias seguintes. Tendo atividades acadêmicas o dia todo, essa sobrecarga na rotina afeta tanto a saúde mental quanto física dos alunos da UEPG.

Paulo Ricardo Mendes, que cursa o primeiro ano de engenharia de computação, conta a dificuldade no ensino.  “Por ser o início da graduação, acreditei que teria uma rotina tranquila, mas hoje encaro com outros olhos. O período integral exige muito, não é fácil conciliar a vida acadêmica, social e ainda ter tempo para o lazer”.

Para a aluna do segundo ano de odontologia, Renata Hartmann, o sono é o que mais atrapalha no dia a dia. “Está sendo bem difícil tudo isso, curso integral, 100% presencial, aula das 7h20min da manhã até às 20h. Eu não consigo dormir direito, oito horas de sono só no final de semana”. Renata ainda ressalta que os finais de semana não são apenas para lazer: “Eu até tento manter meu final de semana pro lazer, mas não consigo. Em algum momento eu tenho que fazer algo relacionado a faculdade, porque em dia de semana não dá”.

De acordo com a psicóloga Paola Ferreira, a falta de sono acarreta dificuldade de concentração e aprendizado. Ela explica também a importância do tempo reservado para o lazer dos estudantes: “É onde o estudante descarrega a pressão e o estresse mental, portanto, quem não pratica atividade física ou faz algo que gosta acaba prejudicado, podendo acarretar uma depressão ou gerando ansiedade”. A psicóloga ainda conta que, após a pandemia, vários estudantes se sentem desanimados e com uma carga emocional muito grande. A relação com os estudos e colegas de turma não acontece da maneira que os acadêmicos imaginam, sendo mais um fator que implica a mudança no humor e afeta a convivência.

Atendimento psicológico

A Universidade Estadual de Ponta Grossa oferece atendimento psicológico gratuito aos estudantes através do programa UEPG Abraça, no qual os alunos podem agendar uma consulta pelo contato telefônico (42) 99141-8937. O serviço funciona das 8h às 17h, de segunda à sexta-feira.

 

Ficha técnica:

Reportagem: Diego Chila

Edição e publicação: Maria Helena Denck

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

LGU e corte de verbas reduzem orçamentos de instituições de ensino público 

 

As universidades públicas têm sido afetadas por leis federais ou estaduais nos últimos anos. A Lei Geral das Universidades (LGU), aprovada pela Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) em dezembro de 2021, estipula um teto de gastos e limite de recursos para o ensino superior público do estado. Uma das instituições afetadas pela medida é a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Segundo a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Sinduepg), a instituição terá até 347 docentes a menos nos próximos quatro anos. 

UEPG CAMPUS CENTRAL

Foto: Acervo/ Arquivo Periódico 

A professora Regina Stori, vice-presidente do Sindueap, explica que a LGU deve afetar negativamente os professores das universidades estaduais. “A gente vai ter uma precarização no trabalho dos docentes. Eles vão ter que assumir mais horas-aula, vão ter menos tempo para preparar essas aulas, vão ter menos tempo para desenvolver pesquisa, vão ter menos tempo para desenvolver extensão”. 

 

Regina ainda informa que os acadêmicos também serão afetados por conta da maior carga horária dos docentes. “O impacto sobre os estudantes é violento na medida que os professores têm que assumir uma carga horária de trabalho maior, particularmente de ensino, haja vista a redução do número de docentes e mesmo das possibilidades de contratação de professores temporários”, explica.

 

Outra instituição atingida é a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). No fim de maio, foi anunciado corte de verbas de cerca de R$1,6  bilhão pelo Ministério da Educação. Todavia, a redução prevista pelo Governo Federal seria de R$ 3,2 bilhões. Em nota divulgada pelo site da UTFPR, a primeira intenção de corte representaria 14,5% de redução referente ao corte realizado no ano passado, ou seja, seriam R$ 19 milhões a menos no orçamento para 2022.

 

Além dos professores, os estudantes também devem sentir o corte. A estudante de Engenharia Química na UTFPR, Julia Gabriela Scucato, ainda não percebeu os impactos do corte, mas aponta que a medida atinge a instituição em diferentes proporções. “Acredito que afeta serviços básicos da faculdade, como limpeza, manutenção e também age no desenvolvimento de pesquisas feitas pelos docentes e discentes. Isso retrocede o desenvolvimento do ensino superior no Brasil, uma coisa que deveria ser prioridade é deixada de lado”.

 

Ficha Técnica

Reportagem: Vinicius Sampaio

Edição e publicação: Kathleen Schenberger

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Diminuição do horário, filas compridas e falta de opções vegetarianas são algumas das reclamações

 

O retorno às aulas presenciais trouxe a possibilidade de maior convivência entre alunos que permaneceram dois anos distantes da universidade. Por outro lado, alguns problemas surgiram no Restaurante Universitário (RU) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), como a lotação e o tempo de espera na fila.

Uma funcionária do restaurante universitário avalia a situação. “Por mais que seja uma grande quantidade de alunos, ainda não me sinto sobrecarregada. A gente consegue vencer”. Em relação ao plano da implementação do café da manhã, feita pelo reitor Miguel Sanches Neto, reeleito em abril deste ano, a servidora tem ressalvas: “por enquanto é só um projeto, até porque atualmente não existem funcionários para isso, nós já estamos trabalhando dobrado, ficamos aqui direto pra fazer almoço e janta”.

Com o aumento do número de estudantes frequentando a universidade, o espaço utilizado para as refeições alcança a lotação rapidamente, o que gera duas grandes filas: a da compra do ticket de acesso e a de espera para entrar no local. Kenya Santos, acadêmica do segundo ano de Comércio Exterior, acredita que o horário de funcionamento do RU central não é satisfatório. “Eu não fazia ideia da alteração do horário, nunca acessei o site, tinha que ficar até, pelo menos, 13h, porque em alguns dias o tempo de fila é grande”. 

Para além do curto período de atendimento, o calouro de Ciências Contábeis, Gustavo Guimarães acredita que o espaço do RU poderia ser maior. “O espaço do restaurante é pequeno para a demanda atual, por isso a fila fica tão comprida. Além disso, o horário não é suficiente para quem estuda ou trabalha até 12h30”. 

Além dos problemas de estrutura e horário, a falta de opções do cardápio vegetariano é um problema para Camila Emmerich (ver vídeo), caloura de Comércio Exterior. “Não existe cardápio para a refeição vegetariana, sei que é soja todos os dias, mas a mistura é sempre diferente. Também sei que faz mal comer proteína de soja todos os dias”.

 

Tempo que a acadêmica demorou para almoçar no RU do campus central. Vídeo: Lilian Magalhães

 

Ficha técnica

Reportagem: Lilian Magalhães

Edição e publicação: Maria Helena Denck

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

O documentário “Um outro mundo” apresenta o relato de estudantes que vieram de outras cidades para cursar o ensino superior nas instituições públicas de Ponta Grossa. Nele, os alunos falam sobre as dificuldades com uma nova cidade, as razões para deixar seu lar e viver num local até então desconhecido.

 

 

Ficha Técnica

Repórteres e editores: Ana Carolina Barbato, Mariana Gonçalves e Maria Helena Denck

Publicação: Catharina Iavorski

Supervisão: Cintia Xavier, Marcos Zibordi e Mauricio Liesen

 

O Departamento de Jornalismo reconhece a importância do uso de máscaras em ambientes fechados (laboratórios, salas de aula e corredores sem ventilação adequada) e recomenda que estudantes, docentes e servidores mantenham os cuidados individuais com a saúde pública e com a segurança no ambiente de trabalho. Embora a Comissão de Planejamento e Discussão dos Protocolos de Biossegurança da UEPG tenha deliberado pela desobrigação do uso de máscaras na instituição (conforme deliberação em 04/05/2022), em sintonia com decretos dos governos estadual e municipal, entende-se que a manutenção dessa medida contribui para o enfrentamento da transmissão do coronavírus.

 

UEPG CAMPUS CENTRAL

Foto: Arquivo Periódico

A posição do Departamento de Jornalismo, que consiste na obrigação do uso de máscaras nos laboratórios e na recomendação veemente da sua utilização em salas de aula e demais ambientes fechados, reflete a preocupação com o controle da pandemia diante de riscos que permanecem presentes, principalmente em locais de ampla circulação de pessoas e condições inadequadas de ventilação.

Solicitamos, por fim, que a administração da UEPG, em respeito à saúde pública e pela garantia de condições de segurança no trabalho, mantenha álcool gel em dispenser nos corredores, bem como o fornecimento de máscaras aos estudantes e servidores da Universidade.