Confira mais informações sobre o Prêmio na matéria de Gustavo Camargo e Teodoro dos Anjos.

Nesta sexta-feira (10) na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), acontece a palestra “Partidarização da justiça: O caso Lula”, apresentada pelo professor Marcos César Danhoni Neves. O evento integra a XIII Semana de Integração e Resistência e acontece no Grande Auditório do campus central da UEPG) às 9h da manhã. A semana é organizada pelo Centro Acadêmico João do Rio (CAJOR) do curso de Jornalismo da UEPG.

 


Marcos Danhoni Neves é professor e pesquisador da Universidade Estadual de Maringá (UEM), especialista em História e epistemologia da ciência, educação científica, processos de ensino-aprendizagem e análise de discursos. Com base em análises dos discursos dos juízes, seus currículos acadêmicos e investigações de negócios suspeitos - como a compra de um imóvel do “Minha casa minha vida” por Dallagnol em um condomínio próximo à UEPG -, o professor Neves investigou a vida acadêmica do juiz Sérgio Moro e Deltan Dallagnol e identificou uma série de inconsistências que traz a tona o debate sobre a qualificação da atuação do poder judiciário.

 


Na palestra, “Partidarização da justiça: O caso Lula”, o professor conta que irá discutir sobre os pormenores da Operação Lava Jato, falando também de sua participação em veículos de mídia de esquerda como Diário do Centro do Mundo e Revista Fórum. “O que eu vou fazer é um exposição sobre a Operação Lava Jato que tem praticado uma justiça apressada dirigida a um único partido, portanto não justiça mas justiçamento”, informa Neves.

 


O estudante do terceiro ano do curso de jornalismo e membro do CAJOR, Lucas Cabral acredita que a palestra ajudará os estudantes a refletir sobre o atual comportamento da justiça. “É um debate muito atual e muito importante especialmente para o curso de jornalismo, já que trabalhamos diariamente com política nas nossas pautas", comenta o estudante.

 

 

- Palestra “Partidarização da justiça: O caso Lula” com o professor Marcos César Danhoni Neves (UEM)
- 9h no Grande Auditório do campus central da UEPG
- Para mais informações, entre em contato com CAJOR

 

Mesmo após solicitações de alunos, não há projeto para possível instalação de linhas que levem os estudantes do Campus Central a Uvaranas

Ônibus próprios da UEPG estacionados no Campus Uvaranas. | Foto: Fernanda Wolf

 

A entrada em uma universidade pública acarreta em uma série de novos gastos ao estudante. Quem é de fora gasta com moradia, contas, alimentação e materiais específicos para as aulas. O custo das refeições oferecidas pelo Restaurante Universitário da UEPG é de R$ 3,80 e não há a oferta de café da manhã. Em alguns momentos, o aluno precisa recorrer às lanchonetes internas da universidade. Muitas vezes, é preciso imprimir textos em uma copiadora. E o transporte público oferecido por uma empresa privada, apesar do passe estudantil, não disponibiliza preços que ajudam na permanência do estudante na universidade. Dentre estes aspectos, vemos uma alternativa que poderia partir da própria universidade: as linhas intercampi.

 

 

As intercampi são linhas que ligam os campi das universidades que possuem unidades separadas e distantes, gratuitas para alunos e servidores da instituição. Essa prática de mobilidade existe majoritariamente em universidades federais do país. No Sul, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) possuem linhas intercampi.

 

 

Transporte é uma medida de permanência estudantil. A Constituição de 1988 afirma a educação como um direito de todos e dever do Estado. Medidas como a redução da passagem e o preço do ticket do R.U. ( Restaurante Universitário) visam a estabilidade do estudante que se encontra em vulnerabilidade social (renda per capita de sua família menor que meio salário mínimo ou renda total da família inferior a dois salários mínimos). Segundo o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UEPG, estas medidas igualam as condições dos acadêmicos da instituição.

 

 

As políticas de assistência estudantil, pela resolução do Conselho Administrativo da UEPG Nº095 de 17 de abril de 2017, prevê a  isenção em taxas de inscrição (de eventos, cursos, extensões, projetos culturais, esportivos e científicos), doações de materiais (livros, equipamentos e instrumentos didáticos) pela Coordenadoria de Assistência e Orientação ao Estudtudante e possibilidade de uso do fundo em casos emergenciais. Porém, em questão de transporte, a universidade não oferece um transporte próprio.

 

 

Linhas Intercampi no Paraná

 

As linhas intercampi estão presentes no Paraná por uma iniciativa da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que desde 2013, oferta linhas que funcionam de segunda a sexta no período da manhã e tarde, e nos sábados pela manhã. São quatro linhas nos dias de semana e uma funciona aos sábados. Os ônibus possuem horários estimados de chegada e saída informados no site da instituição. Esse serviço ofertado pelo estabelecimento não possui vínculos com o transporte coletivo da cidade, organizado exclusivamente pela Central de Transportes (Centran), unidade pertencente à Pró-Reitoria de Administração da UFPR, que faz a gestão de veículos da universidade. O serviço é gratuito e de uso exclusivo de estudantes e servidores - mediante apresentação da carteirinha de estudante ou crachá de funcionário mostrado ao motorista - para atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão. O transporte intercampi da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), em Foz do Iguaçu, é chamado de “Interunidades”, com linhas em diversos horários a partir das 7h30 da manhã até 23h40 da noite. O acesso da comunidade acadêmica à instituição também é gratuito.

 

 

Em uma breve comparação com a Universidade Federal do Rio Grande (FURG) que apresenta um número similar de alunos - 8.316 alunos na FURG e 8.465 na UEPG, possui micro ônibus intracampi (que seria um ônibus interblocos, o mesmo que a UEPG tentou implantar) que funciona das 6h45 às 23h15 - em 23 horários de segunda a sexta.

 

 

Para o estudante Felipe Luiz Gradin que cursa Engenharia Civil na UFPR, a linha intercampi é de grande utilidade uma vez que o estudante se circula bastante entre os blocos da faculdade durante o dia. “Uso o intercampi todos os dias para ir e para voltar, consigo economizar bastante no mês. Tem muita demanda, muitas vezes o ônibus está lotado de estudantes”, destaca Gradin.

 

 

A realidade da UEPG

 

No caso da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), a distância entre o Campus Central e Uvaranas é de 7 a 8 quilômetros (cálculo de rotas feito pelo aplicativo Google Maps) - um trajeto de meia hora de ônibus da Viação Campos Gerais (VCG). Fatores como trânsito, superlotação, horários disponíveis, paradas em terminais e linhas, dificultam a trajetória entre os campos. A movimentação não se faz necessária para que alunos tenham acesso às suas aulas, projetos,eventos e biblioteca, assim como à parte administrativa da instituição, concentrada no campus de Uvaranas.

 

 

O trajeto entre campus central e o campus de Uvaranas precisa ser feito com dois ônibus. O estudante que sair do campus central necessita pegar um primeiro ônibus em direção ao terminal de Uvaranas, através da linha “Terminal Uvaranas/Terminal Nova Rússia”. Em seguida, pegar uma linha “Campus” que passa dentro do UEPG. Caso o aluno não consiga pegar este ônibus, precisa fazer um trajeto de três linhas até chegar ao campus de Uvaranas. Dentro da instituição, a distância entre blocos torna a caminhada longa e perigosa pela falta de segurança. A grande maioria dos estudantes da instituição, não possuem veículo próprio.

 

 

Em 2016 houve uma mobilização de estudantes da UEPG que pediram uma linha da VCG (Viação Campos Gerais) que ligasse os dois campus via Terminal Central, o pedido de análise da linha foi protocolado e encaminhado para a AMTT (Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte). Para a criação de uma nova linha de ônibus, o primeiro passo é observar o número de pessoas não atendidas pelo transporte coletivo de uma região e depois o  Índice de Passageiro por Quilômetro (IPK).

 

 

Segundo a lei municipal 7.018/2002 que dispõe sobre a prestação de serviços públicos municipais de transportes coletivos, a VCG concede benefício de  50% de desconto aos estudantes, o que reduz a passagem para R$1,90. Então, um estudante que faça o trajeto todos os dias do campus central ao campus Uvaranas, gasta em média R$38 reais por mês.

 

 

De acordo com os dados informados pela assessoria de imprensa da UEPG, entre alunos de graduação e pós graduação, servidores e docentes nos campi Central e Uvaranas, somam-se 10.278 pessoas.

 

 

Em 2011, houve um levantamento da chamada “Caronas no Campus UEPG” desenvolvida por acadêmicos da disciplina de Gerenciamento de Projetos do quinto ano do Curso de Engenharia Civil, estimava que cerca de 15.000 pessoas circulavam no campus de Uvaranas. Neste projeto, os estudantes realizaram estudos para implantar um sistema de caronas para a locomoção de estudantes e professores pelos blocos.

 

 

Em 2015, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UEPG fez um pedido ao reitor para que houvesse a instalação dessas linhas, porém, até este ano o pedido não foi instituído. Em 2016, o DCE estava desativado. Após a reintegração do diretório, alunos se mobilizaram para fazer um abaixo-assinado diretamente para a Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte pedindo a implantação da linha. Atualmente, a Viação Campos Gerais não possui ônibus direto para o Campus Uvaranas. Segundo o coordenador  Milton Aparecido Anfilo, de Assistência e Orientação ao estudante, a existência dessa linha já iria ser uma melhora no sistema.

 

 

A estudante de Serviço Social Tatiane Vaz enfatiza que antes de tudo, é fundamental regularizar o CNPJ da entidade, que está irregular devido às gestões anteriores, para conseguir entrar nas discussões sobre o transporte público no Conselho Municipal de Transportes de Ponta Grossa, onde possuem direito a voto. Vaz, exalta a importância da linha intercampi para a comunidade acadêmica e reforça que a possível integração entre campi de alunos pode acrescentar na vivência acadêmica dos mesmos e também facilitar acesso a área administrativa da universidade que hoje fica restrito ao Campus Uvaranas. Ela exemplifica o caso dos alunos que moram no bairro Nova Rússia e pegam ônibus para o Campus Uvaranas. “Aqueles que costumam pegar percebem que este está sempre lotado nos horários em que as aulas começam e grande parte dos passageiros descem em frente à UEPG, porque são acadêmicos e estão indo frequentar as aulas”, relata a representante.

 

 

O gerente da divisão de transportes da UEPG Roberto Rodrigues da Silva, diz não ser viável a linha intercampi por falta de motoristas. Segundo Silva, desde 2009 a universidade não faz concurso público para motorista para carteira D - habilitado para a direção de ônibus. Atualmente a Gerência de Transportes da UEPG possui 10 motoristas e 3 atendem extensões.

 

 

Interblocos

 

No ano de 2013, na gestão do reitor João Carlos Gomes, por uma demanda dos estudantes do campus de Uvaranas, a universidade disponibilizou um ônibus que circulava da reitoria até o Colégio Agrícola, de segunda a sexta das 8h às 12h e das 14h às 18h, com intervalos de 30 minutos, e utilizava os mesmos pontos onde passa o atual ônibus da VCG, para o deslocamento dos acadêmicos no campus que possui 48 alqueires e mais de oito quilômetros de divisas. O ônibus era gratuito, mas, não funcionava a noite por falta de motorista, por ser necessário o pagamento de hora extra para eles trabalharem nesse período. O custo inicial do projeto era de R$1.800 reais mensais. Joel dos Anjos Carneiro, gerente da Coordenadoria de Logística (CLOG) da universidade, explica que na maioria das vezes foi utilizado van, a demanda de passageiros era pequena, para um serviço que o gasto não era tão pequeno. A linha parou de funcionar porque o motorista responsável pelo transporte se aposentou e outros motoristas também acabaram pedindo aposentadoria, consequentemente faltando servidores para esse serviço.

 

 

O gerente da divisão de transportes da UEPG Roberto Rodrigues menciona que hoje é inviável ter interblocos na UEPG por falta de pessoal. “Na época, por falta de motoristas não teve como operar, hoje a situação de servidores é ainda mais agravante”, denuncia Rodrigues. Os documentos para a implementação do META 4 já foram enviados pelo reitor Carlos Luciano Santana Vargas ao governo do Estado do Paraná, e caso o sistema seja implementado, questões como: a contratação de servidores, ascensão de carreira precisarão ser autorizada pela Secretaria da Fazenda.

 

 

Em uma pesquisa por buscadores da internet e o próprio site da UEPG encontramos apenas uma matéria falando sobre a iniciativa de ônibus interblocos - matéria essa da assessoria da universidade, datada em 7 de fevereiro de 2013. 

 

Estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) promovem, de 6 a 10 de agosto, a Semana de Integração e Resistência, no campus central. Organizado pelo Centro Acadêmico João do Rio (Cajor), o evento está na 13ª edição e tem palestras sobre temas de interesse dos alunos e que não são contemplados pelo currículo acadêmico.

 

 

O evento foi criado para lembrar a resistência dos estudantes em 2004, quando protestaram contra o governo do Estado. “A realidade é praticamente a mesma da época, ainda vivemos em uma universidade desmontada, por isso é importante relembrar do que aconteceu”, ressalta Gabriel Miguel Costa, membro da Diretoria de Integração do Cajor.

 

 

A semana é aberta a todos os cursos e à comunidade universitária. “Sempre foi difícil ver pessoas de outros cursos participando dos eventos, então decidimos abrir para toda a UEPG, para haver mais movimentação”, diz William Clarindo, membro da Diretoria de Cultura do centro acadêmico. Nesta edição, a semana conta com a participação de alunos dos cursos de Letras e Artes nas mesas de debate.

 

 

Conforme a organização, a ideia é tratar um assunto por dia da semana. As palestras acontecem a partir das 9h e na segunda e na sexta, acontecem no Grande Auditório. Nos outros dias, acontecem no Portal Telemidiático, sala A17 do campus central. Na segunda-feira, convidados discutirão o cenário de música independente. Na terça, o tema é feminismo e gênero. Na quarta, o evento discute a questão ambiental, produtos orgânicos e agrotóxicos, com convidados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Na quinta, a programação é voltada para cultura. Já na sexta, o evento culmina com a palestra "Partidarização da justiça: o caso Lula", com o professor doutor Marcos Danhoni Neves.

 

 

Outras informações podem ser encontradas na página do Cajor no facebook.

O curso de Bacharelado em História foi suspenso do vestibular e passa por reformulação desde 2017, um ano após a abertura do curso de Matemática Aplicada

 

 

Existem atualmente 40 cursos presenciais de graduação na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Para um curso ser aberto, o departamento responsável deve realocar professores de modo que não exista um custo para a universidade, como foi o caso do curso de Bacharelado em Matemática Aplicada. Para que o curso de bacharelado fosse inaugurado, foi necessário eliminar o período integral da Licenciatura em Matemática devido à falta de docentes. A inauguração de um curso é um processo que envolve o departamento, o colegiado, os setores da universidade e os conselhos institucionais. O último curso a ser aberto com contratação de novos docentes na UEPG foi o Bacharelado em Educação Física, em 2008.

 

 

Desde o ano passado, a universidade está realizando a reformulação do curso de Bacharelado em História, cuja oferta foi suspensa dos dois últimos vestibulares, sem previsão de volta. O professor e coordenador do Bacharelado em História, José Roberto Galdino, conta que a reformulação do currículo é certa, mas existe uma comissão responsável por decidir como o processo acontecerá, formada, majoritariamente, por professores do curso de Licenciatura em História. Recentemente, Galdino montou uma segunda comissão, desta vez em nome do Bacharelado, para garantir a volta do curso ao catálogo da UEPG.

 

 

Bacharelado em História

 

 

Em 2017 foi criada uma comissão para definir o novo formato dos currículos dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em História. Além das reformulações de currículo serem algo comum nos cursos universitários, principalmente naqueles com um período de longa duração, o Departamento de História estava com um baixo número de professores (19 profissionais efetivos), que precisavam se dividir entre os dois cursos presenciais, a modalidade a distância e a pós graduação; uma carga que ultrapassa as 20 horas semanais propostas pela Resolução nº 021, de 9/12/2013. A partir de uma votação, optou-se primeiramente pela suspensão do curso de Bacharelado em História dos vestibulares da UEPG, até que os currículos fossem reformulados. “A proposta votada foi a de retirar a oferta do curso temporariamente dos vestibulares; depois disso ser aprovado tentou-se votar a extinção do curso de bacharelado, mas isso não foi aprovado”, conta o professor José Roberto Galdino, coordenador do curso. “Eu fiz parte da comissão que votou a favor da reformulação, mas desde que vi a proposta de extinção percebi que era uma comissão a favor do curso de licenciatura e não dos dois cursos, por isso estou criando uma comissão para lutar pelo bacharelado”, completa Galdino. Segundo a comissão, um dos principais motivos para a permanência do Bacharelado é o engajamento dos alunos que já o compõe com as disciplinas exclusivas do curso.

 

 

Os acadêmicos do Bacharelado em História foram convocados para uma reunião ampliada do colegiado para compreender melhor a situação, na qual todos foram contra a continuidade da suspensão e uma possível extinção do curso. “Nós fomos contra por conta da função do Bacharel que é de pesquisar, contribuindo tanto no meio acadêmico como na função de historiador”, ressalta a estudante do segundo ano do Bacharelado, Amanda Ribeiro Vitor de Souza. Amanda reforça que os alunos reconhecem que o currículo deve ser modificado e melhorado, mas de forma nenhuma deve ser extinto. “Levando em conta também a atual situação do país que é de sucateamento do ensino público, acredito que devemos lutar pela permanência do curso e pelo ensino público de qualidade”, finaliza a estudante.

 

 

O Bacharelado em História contabiliza 60 alunos (apenas cinco na turma do primeiro ano, já que o curso não foi ofertado no vestibular), enquanto a licenciatura possui 130 no total. No último vestibular em que foi ofertado (verão de 2016), a concorrência foi de 2,7 candidatos por vaga; na Licenciatura, este número era de 14 por vaga. Nos dois vestibulares em que não houve oferta do Bacharelado em 2017, a concorrência da Licenciatura diminuiu, sendo de 12 candidatos por vaga no inverno e oito no verão.

 

 

O professor Cláudio Dias, que lecionou no curso de Bacharelado até 2017, pontua que percebeu muitas desistências e desmotivação por parte dos alunos, o que foi mais um fator para a reformulação do currículo. Ele também comentou a importância do historiador, já que a profissão ainda não é regulamentada. “Seria contraditório fechar o curso de Bacharelado em História, tendo em vista que o nosso departamento assim como a maioria dos departamentos do Brasil luta pela regulamentação da profissão, que infelizmente ainda não é reconhecida”, explica o professor.

 

 

Para o coordenador José Roberto Galdino, um único curso que formasse profissionais capazes de atuar tanto como bacharéis como licenciados, assim como acontece na maioria das Universidades Federais brasileiras, seria uma boa opção, mas não é o que está fazendo a atual comissão de reformulação, que não engloba disciplinas específicas do bacharelado. “Na UEPG, os cursos sempre foram separados, já tentamos aprovar currículos que formassem ao mesmo tempo historiadores e professores, mas isso sempre é barrado nas instâncias da própria Universidade, ainda que digam que isso é uma demanda Federal, o que não é verdade”, afirma o coordenador.

 

 

De acordo com o pró-reitor Miguel Archanjo de Freitas Junior, unificar cursos de Licenciatura e Bacharelado prejudica o desempenho de ambos os cursos, pela terminalidade própria de cada um, especialmente no Departamento de História. “Algumas disciplinas têm características similares, mas a nossa preocupação é manter as identidades dos cursos e aprimorar a atuação do Bacharel. A preocupação sempre foi também de que a licenciatura não fosse um apêndice do bacharelado”, explica o pró-reitor. Apesar de ser um modelo histórico, segundo Arcanjo não é mais possível unificar cursos de bacharelado e licenciatura (modelo 3+1) desde uma resolução aprovada pelo MEC que entende como distintas a formação de professores e pesquisadores.

 

 

Bacharelado em Matemática Aplicada

 

 

O curso de Bacharelado em Matemática Aplicada foi inaugurado no início de 2016 e demanda conhecimentos mais específicos da disciplina do que a Licenciatura. O coordenador do curso Giuliano La Guardia, explica que a implementação do Bacharelado foi pensada na perspectiva da carreira acadêmica. O professor explica a área de atuação do Bacharel em Matemática, que pode atuar principalmente como pesquisador científico, mas também com a matemática aplicada em bancos e empresas. “A longo prazo, nós visamos abrir um curso de mestrado e de doutorado formados pelos alunos do Bacharelado”, comenta La Guardia. Ela aponta também a importância do crescimento vertical do Departamento de Matemática e Estatística (DEMAT), a fim de aumentar a contrapartida da universidade em relação aos cursos. “Nós ganharíamos mais recursos como extensão do espaço físico e aquisição de livros, que melhoraria, também, o curso de Licenciatura”, afirma o professor. Segundo ele, a estrutura do departamento está defasada, especialmente nos laboratórios. Ele relata que há computadores quebrados e com programas desatualizados, o que impossibilita seu uso. Ele ainda denuncia que houve um pedido de livros para o curso feito em 2016, que ainda não foi atendido.

 

 

Ao ser criado o novo curso, o curso de Licenciatura em Matemática deixou de ser em período integral como medida para remanejamento de professores, mantendo somente o período noturno. “A Universidade entendeu bem a criação do curso. Não houve ônus para a instituição, como contratação de professores, até porque, caso contrário, o curso não seria aprovado”, relata Giuliano. O processo de criação do currículo levou cerca de dois anos e meio e a comissão responsável era composta por sete docentes, chefiada pelos professores Marciano Pereira e Marcos Calçada.

 

 

De acordo com o pró-reitor de graduação Miguel Archanjo, houve investimento em laboratórios e bibliotecas que também serão utilizados pela Licenciatura, um tipo de custo corriqueiro para a universidade. “Nossa maior dificuldade perante o governo é a criação de novas vagas de recursos humanos, ou seja, a contratação de profissionais”, relata.

 

 

No último vestibular em que foi ofertado (verão de 2015), o curso de Licenciatura em Matemática integral teve a concorrência de 1,8 candidato por vaga. O curso de Bacharelado em Matemática, por sua vez, teve 0,8 candidatos/vaga no último vestibular da instituição (verão de 2017) e atualmente possui 12 alunos matriculados, sendo 10 no primeiro ano do curso e dois no segundo. Houve também um total de 25 vagas remanescentes ofertadas no último vestibular. O DEMAT tem oito professores efetivos e todos são pesquisadores de área.

 

 

O coordenador acredita que um dos motivos da baixa procura do curso de Bacharelado em Matemática nos vestibulares é a pouca divulgação por parte da UEPG. “Nós do departamento estamos nos mobilizando através de folders, cartazes, divulgação nos eventos em que participamos, fomos ao núcleo de educação para que a existência do curso chegasse a todos os colégios de Ponta Grossa para conseguir o maior número de acadêmicos possíveis, e a universidade não nos auxilia nisso”, conta Giuliano. A pró-reitoria de graduação afirma que a divulgação é a mesma para todos os cursos da instituição, através da propaganda do vestibular. “Não houve pedido formal para que divulgássemos o curso, e, por mais que tivesse, isto não cabe à Reitoria”, comenta o pró-reitor Miguel Archanjo. Ele explica que esta é uma responsabilidade da Coordenadoria de Processos de Seleção (CPS), que não é mais vinculada à pró-reitoria.

 

 

Situação atual da instituição

 

 

Desde 2000, 16 cursos foram inaugurados e cinco encerrados na UEPG. Outros, passaram por reformulação de currículo, conforme o infográfico abaixo:

 

 

 

 

 

Há quatro projetos para a abertura de novos cursos para a universidade esperando aprovação do governo estadual. Os cursos de Arquitetura, Física Médica, Psicologia e Filosofia devem ser implementados, mas ainda não existe previsão. A abertura de um novo curso geralmente parte de um departamento já existente, de onde se cria um projeto pedagógico e previsão dos recursos necessários. Em seguida, o projeto é apresentado ao setor correspondente, ao conselho administrativo e ao Centro Estadual de Educação Profissional de Ponta Grossa (CEEP-PG). Desde que o projeto seja executável, não há critérios específicos para a aprovação do currículo pela CEEP, mas, na prática, o custo (laboratórios, livros, contratação de servidores e espaço físico) é o fator determinante.