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- Produção: Amanda Martins
- Categoria: Segurança Pública
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Pesquisa do jornal-laboratório Foca Livre constatou que 80% das entrevistadas alegam assédio
O assédio e a importunação sexual estão se tornando as principais causas do medo de mulheres ao saírem de suas casas para realizar atividades cotidianas. Atualmente, em Ponta Grossa, diversas mulheres afirmam ter mais medo de serem assediadas do que assaltadas. Um levantamento realizado pela equipe do Foca Livre com 30 mulheres, na faixa etária de 16 e 43 anos, constatou uma grande vulnerabilidade na segurança em diferentes classes sociais e ocupações. Independentemente do horário, 80% alegam ter sido seguidas na rua por homens em carros, motos, bicicletas e até mesmo a pé.
As abordagens variam entre perguntas de cunho íntimo, palavras e ações obscenas ditas e realizadas em transporte público, por exemplo. O maior índice de casos de assédio ou importunação sexual ocorre em meios de transportes públicos e privados. Situações como toques não permitidos, elogios excessivos e olhares maliciosos ocorreram com pelo menos 17 mulheres. A descrição mais comum são os toques realizados sob a alegação de ônibus lotado. Muitas das vítimas não recebem ajuda quando isso acontece.
Crédito: Amanda Martins
Impunidade
A dificuldade em obter justiça fica maior conforme a gravidade do caso aumenta. Fabielle Zander, empreendedora, conta que não sofreu apenas assédio enquanto voltava do trabalho para casa. “Eu acabei sofrendo violência sexual em um terreno baldio próximo a minha casa, eu gritei e fui ouvida por um vizinho, mas ele não quis interferir”, conta a empreendedora. Fabielle conta que chamou a polícia e fez um boletim de ocorrência, mas o autor do crime nunca foi indiciado.
As ocorrências de violência não se limitam apenas a agressores desconhecidos. Júlia Silva, estudante de 18 anos, conta que sofreu importunação sexual enquanto era menor de idade e morava na casa de seu pai. “Um primo dele tentou me agarrar na porta de casa, dizendo que só iria embora quando ele tivesse o que queria”, relata a jovem. Ela conta também que, ao relatar o ocorrido ao seu pai, não teve apoio nenhum.
Importunação
Outra vítima, que não quis se identificar, conta que aceitou uma carona de um conhecido de sua mãe, mas durante o trajeto, ele parou no estacionamento de um mercado e começou a agarrá-la. O homem passou a mão pelo corpo da vítima que teve suas roupas rasgadas. “Eu só consegui sair após me debater por uns 15 minutos, quando ele se assustou com uma pessoa que passou por perto”, relembra. A jovem relata não ter denunciado o assediador devido às diversas ameaças, além do medo de não receber apoio, como o da mãe.
Aproximadamente 90% das mulheres vítimas de assédio e importunação sexual, entrevistadas durante a pesquisa, relatam que não buscaram ajuda e não realizaram uma denúncia formal por medo de ameaças feitas pelo autor do crime, além da falta de incentivo de familiares e amigos, falta de credibilidade ao contar o ocorrido, pela culpa que a situação desencadeia ou pelo assediador ser alguém da família. De outras 10% que realizaram a denúncia, apenas um dos casos acabou julgado pela justiça.
Denúncia
Para denunciar situações de assédio sexual, importunação sexual ou qualquer outro tipo de violência contra mulher, entre em contato pelo número (42) 3309-1300. Denuncie, não fique calada.
Este texto faz parte da edição 220 do Foca Livre, jornal-laboratório produzido por alunos do segundo ano de jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Ficha Técnica
Repórter: Amanda Martins
Edição de Texto: Lincoln Vargas
Edição e Publicação: João Gabriel Vieira
Supervisão de Produção: Muriel Amaral, Cândida de Oliveira, Jeferson Bertolini
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi, Maurício Liesen
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- Produção: Yuri Marcinik
- Categoria: Segurança Pública
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Média mensal passou de 124 por mês em 2020 para 138 em 2021
O número de pedidos por medidas protetivas urgentes, concedidas a mulheres em situação de violência doméstica, aumentou 12% em Ponta Grossa em relação ao ano passado. Em 2020, segundo dados do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), foram 1.490 (média de 124 por mês). Em 2021, até o dia 31 de julho, foram 971 (média de 138,7 por mês).
Maria Cristina Baranovsky, coordenadora do Núcleo Maria da Penha (Numape) e professora da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), diz que esse aumento no número de pedidos se deve ao fato da Secretaria Estadual de Segurança ter possibilitado o registro de boletim de ocorrências de forma virtual. Tal medida demanda que a mulher vítima de violência doméstica saia apenas uma vez de casa para ir à uma delegacia e emitir um pedido de medida protetiva urgente.
No entanto, a professora salienta que, mesmo com a praticidade de se fazer o boletim de casa, o cenário de pandemia trouxe mais dificuldades à vida das vítimas de violência doméstica. “Com a instauração de medidas de contenção de aglomerações em mercados, farmácias, escolas e afins, muitas mulheres vigiadas em casa pelos agressores perderam o motivo de sair de casa para, disfarçadamente, irem a uma delegacia efetivar as denúncias.”
Segundo a coordenadora do Numape, tal contexto também obrigou delegacias a funcionar em expediente reduzido e causou o fechamento de locais de conscientização e apoio às vítimas. “Mesmo com esse alento da Secretaria Estadual de Segurança, a pandemia interferiu de forma extremamente negativa na vida dessas mulheres e na busca delas por seus direitos.”
Fotografia Eder Carlos
Psicologia
A psicóloga Franciane Martinazzo, especializada em pessoas em situação de vulnerabilidade, afirma que a violência doméstica perpassa tanto o aspecto físico quanto o psicológico. “Os indicativos da violência doméstica são fobias, estresse pós-traumático, depressão grave e até sintomas físicos como hipertensão, distúrbios de sono, assim como comprometimento da sexualidade e de relacionamentos futuros da vítima”, explica.
A psicóloga comenta que o cenário de pandemia acaba por intensificar e repetir os ciclos de violência contra a vítima. “O agressor estando mais em casa intervém mais na rotina da vítima e com isso causa mais stress e tensão.”
Com a vítima exposta à possibilidade de violência, ela acumula essa tensão e acaba se desgastando. “A tensão diária aumenta já que a vítima está sempre, como costumo dizer a meus pacientes, pisando em ovos. Esse estresse pode afetar também os filhos que por vezes acabam tendo a violência da casa sendo descontada neles.”
Martinazzo fala que a solução para evitar essa perpetuação da violência passa pela conscientização. “A vítima só vai se entender em uma relação abusiva a partir do momento que ela tem um tempo livre do agressor para refletir e se informar. Essas informações podem ser a divulgação de exemplos, relatos ou frases ditas por agressores, para que a vítima comece a se identificar assim e procure por ajuda e medidas legais“.
No caso daquelas que optam por perdoar o companheiro quando este promete mudar seu comportamento, Fraciane aconselha que estas prestem atenção se a mudança se concretiza. “O parceiro que se arrepende de verdade é o que efetuará um movimento em prol da mudança. Se ele é alcoólatra, vai buscar o AA (Alcoólicos Anônimos) ou ajuda especializada. Se a mudança ficar só nas palavras, muito provavelmente o ciclo e perpetuação da violência continuarão" conclui a psicóloga.
Portal Elos
Ajuda
O Numepai disponibilizou a cartilha on-line “Violência contra mulher: Informações e Dúvidas Frequentes” gratuitamente sobre os ciclos da violência doméstica.
A psicóloga Franciane também possui um e-book gratuito que está disponível na internet. Chamado “Será que ele é Abusivo?”, a obra ensina mulheres a reconhecerem e se precaverem contra relacionamentos abusivos.
Ficha técnica
Reportagem: Yuri Marcinik
Edição: Leonardo Duarte
Publicação: Leonardo Duarte
Supervisão: Profs. Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi e Maurício Liesen
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- Categoria: Segurança Pública
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Pesquisa indica que maioria já foi alvo ou presenciou problema
“Já ouvi de um professor que eu seria melhor lavando as cuecas dele do que cursando a sua matéria”. “Escutei de meus colegas que só passei em uma disciplina porque sou bonita”. “Para meu professor, bom mesmo era quando só homem cursava engenharia”. Estes são relatos de estudantes de Engenharias em Ponta Grossa. Elas preferem não ser identificadas.
Uma pesquisa feita pela reportagem com 58 acadêmicas dos cursos de engenharias de universidades da cidade mostra que 62,9% delas já se sentiram intimidadas, excluídas e desconfortáveis por serem mulheres ou presenciaram alguma situação desagradável vivida por uma colega do curso.
As engenheiras em formação reclamam principalmente da dificuldade de validação das opiniões e do questionamento frequente do profissionalismo.
Para Lara Wasilevski, estudante do 3° período de Engenharia de Materiais, ter senso de profissionalismo dentro do curso é uma tarefa difícil e por muitas vezes desanimadora. “Não é fácil sentir na pele que alguém acima de você na hierarquia não ouve suas ideias só por ser mulher”, desabafa.
Especialista
De acordo com Maria Rosa Lombardi, pós-doutora em Ciências Sociais com enfoque em Gênero e Trabalho e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, a naturalização dos comportamentos machistas de colegas de classe e professores como “característica” do perfil da engenharia é um dos principais fatores que levam as estudantes a criarem mecanismos de defesa para serem aceitas e respeitadas.
Para a pesquisadora, as mulheres inseridas em núcleos mais masculinos como a Engenharia Mecânica e a Civil criam uma espécie de barreira para a proteção de si mesmas nestes ambientes ainda na faculdade. “Desde o início da formação elas precisam ser fortes, resistir à rudeza e ao assédio moral que impera nestes locais. Muitas vezes o fazem adotando comportamentos estereotipados masculinos, falando alto por exemplo”, explica Lombardi.
A menção de Maria Rosa vai ao encontro do relato de Mariana Moiada, aluna do 10° período de Engenharia Mecânica. A estudante diz que, por conta das situações e piadas desagradáveis durante o curso, precisou desenvolver uma postura rígida para reprimir atitudes machistas dos colegas. “Ainda que eu tenha desenvolvido mecanismos de defesa, sinto que não sofro muito assédio por ter muitos amigos homens, infelizmente homem só tem medo de homem”, comenta.
Participação
A falta de participação feminina nos cursos dificulta a criação de uma rede de proteção maior entre as estudantes. Conforme a pesquisa feita pela reportagem, 28,57% das acadêmicas não se sentem confortáveis ou têm medo de relatar os episódios de assédio moral. Como consequência, fatores importantes de mudança, como a denúncia, o informe à coordenação dos cursos e o comunicado às universidades são fragilizados.
De acordo com Paula Melani, doutora em Ciências Sociais, o primeiro passo para eliminar o medo institucionalizado da denúncia é tomar consciência dela em todos os setores da sociedade. “Só tratamos uma ferida quando reconhecemos sua existência, por isso a necessidade de frentes de políticas públicas para romper esses valores e tratar nossos ferimentos”, diz Paula.
Iniciativas acadêmicas voltadas à promoção da mulher nas engenharias são frentes de mudança importantes dentro do ambiente universitário. O Coletivo Marie Curie e o Projeto de Extensão Mulheres na Engenharia da UTFPR são exemplos de práticas que colaboram com esse objetivo. Contudo, para Mariana Moia, deveria haver mais incentivo na fase escolar. “Se as engenheiras e estudantes em formação dessem palestras nas escolas, as meninas se sentiriam apoiadas para seguir a profissão, crescemos acreditando que é uma área masculina”, reitera. Na opinião de Paula Melani as modificações devem atingir o âmbito político também, escolhendo representantes que reconhecem as desigualdades de gênero e defendem políticas públicas em prol da igualdade.
Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre
Ficha técnica:
Repórter: Valéria Laroca
Editor de Texto: Prof. Muriel Amaral e Lilian Magalhães
Publicação: Levi de Brito
Supervisão Foca Livre: Rafael Kondlatsch e Jeferson Bertolini
Supervisão Site Periódico: Marcos Zibordi, Maurício Liesen
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De 198 infrações aplicadas em 2020, a prefeitura recebeu o pagamento de somente 30
Durante a pandemia, para fiscalizar o bem-estar público em Ponta Grossa, a equipe composta pela Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e Polícia Militar é responsável por aplicar multas a quem descumprir medidas impostas pelos decretos municipais. As punições variam de R$ 1 mil a R$ 10 mil. No ano passado, foram aplicadas 198 multas, mas apenas 30 foram pagas. Até o final do mês de julho deste ano foram aplicadas 238 infrações e somente sete foram quitadas até agora.
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Segundo a Secretaria Municipal de Cidadania e Segurança Pública (SMCSP), após as denúncias, representantes da equipe se deslocam para averiguar o descumprimento do decreto. Caso haja infração, a pessoa recebe a multa e é informada que deve ser paga em 30 dias.
A SMCSP diz que, até o final do mês de julho deste ano, a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa recebeu 342 denúncias através dos canais 156 ou 153 da Guarda Municipal. No dia 27 de maio deste ano, as multas aos estabelecimentos que desrespeitam os 50% de ocupação dos frequentadores passou de R$ 5 mil para R$ 10 mil. Em caso de reincidência, o valor da dívida dobra e é acumulado com a interdição do estabelecimento pelo prazo de sete dias.
Arrecadação
A Prefeitura diz que quando o infrator não paga a multa, este integra a lista da Dívida Ativa do município. A cobrança é realizada pela administração municipal, em conjunto à Vara da Fazenda. Aos estabelecimentos multados, a Prefeitura diz não haver previsão legal para que fique fechado pelo não pagamento da multa.
De acordo com a prefeitura, em 2020 foram arrecadados R$ 20,9 mil em multas relacionadas ao descumprimento de decretos municipais. O total do valor previsto na arrecadação seria de R$ 138.600,00. O Decreto Oficial 18.979/2021, publicado no final do mês de maio, mostra que o valor arrecadado em multas passa a ser revertido para o Fundo Municipal de Saúde para compra de medicamentos usados nos pacientes em estado de internação.
No ano passado, o valor arrecadado foi utilizado na compra de cesta básica. Segundo o secretário municipal da SMCSP, Cláudio Grokoviski, as cestas foram repassadas à Fundação de Assistência Social de Ponta Grossa (FASPG). Ao todo foram distribuídas cerca de 220 cestas às famílias em situação de vulnerabilidade cadastradas no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS).
Já no primeiro semestre do ano, a SMCSP aplicou R $750 mil em multas. Porém, não há nenhuma garantia que a Prefeitura arrecade este valor. Eduardo Verschoor, diretor do Departamento de Receita, vinculado à Secretaria da Fazenda – setor responsável pela coordenação das ações de fiscalização, lamenta as situações de irregularidades. Ao ser questionado sobre o descaso dos pontagrossenses durante a pandemia, o diretor afirma: “O desrespeito de alguns acaba resultando no aumento no número de casos e prejudicando aqueles que respeitam as regras”, conclui.
Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre
Ficha Técnica
Repórter: Leriany Barbosa
Editor de Texto: Sabrina Luz
Supervisão Foca Livre: Prof. Jeferson Bertolini, Rafael Kondlatsch e Muriel Emídio Amaral
Supervisão Periódico: Marcos Antonio Zibordi e Mauricio Liessen
Publicação: Germano Busato
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- Produção: Ana Carolina Barbatos Dias e Carlos Eduardo Mendes
- Categoria: Segurança Pública
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O Juizado de Violência contra a Mulher registrou 890 solicitações entre 1° de janeiro e 13 de julho de 2021. A média é de 4,6 por dia.
Foto: Maria Fernanda de Lima
O isolamento social é uma das medidas mais eficazes para interromper a transmissão da Covid-19, segundo especialistas da área da saúde. Contudo, a quarentena não traz segurança para todos. É o caso de muitas mulheres que são vítimas de violência doméstica. Para elas, o ambiente familiar nem sempre é um espaço de paz e tranquilidade. Há casos onde o lar se torna palco de várias demonstrações de violências, seja ela sexual, simbólica e psicológica.
Segundo o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Ponta Grossa, de 1º de janeiro a 13 de julho de 2021 foram registrados 890 pedidos de medidas protetivas a mulheres que sofreram algum tipo de violência, a média de 4,6 por dia. em todo o ano de 2020 foram 1490, média de quatro pedidos por dia.
Segundo Bruna Woinorvski de Miranda, assistente social judiciária que estuda a violência contra mulher, a tendência é que o número de denúncias em 2021 supere o do ano passado. “Neste ano houve um aumento no número de pedidos de medidas protetivas em comparação ao mesmo período no ano passado, pois foi gradativamente que recuperamos que as mulheres chegassem até nós trazendo denúncias de violência doméstica”, afirma Bruna.
Na pandemia, diz Bruna, o tipo de agressão mais relatada pelas vítimas é a psicológica. Outros problemas são violência física, moral, sexual e patrimonial.
Ciclo
O dano mais grave causado à vítima é a manifestação do ciclo da violência. De acordo com a assistente social, esse ciclo é explicado por Lenore Walker, psicóloga estadunidense. No final dos anos de 1970, Walker criou o conceito “Síndrome da Mulher Agredida” a fim de compreender o padrão de comportamento e emoções vistos em vítimas de violência. A psicóloga descreve o ciclo em três fases: a primeira é do aumento de tensão, quando acontecem conflitos por situações insignificantes, humilhações direcionadas à vítima e quebra de pertences pessoais. A mulher, por sua vez, fica aflita e evita ações que possam provocar o agressor.
A segunda fase refere-se ao momento da violência em si, quando o agente perde o controle e comete a agressão. Caso a vítima não procure ajuda, ela pode vir a se sentir impossibilitada de reagir e, neste caso, apresenta sintomas de estresse pós-traumático como ansiedade, solidão e perda de peso.
Já a terceira e última fase, conhecida como “lua de mel”, se caracteriza pelo comportamento calmo do agressor, em que a vítima acredita no remorso e perdoa o autor da violência. Depois disso, o ciclo reinicia ao voltar para a primeira fase.
Infográfico: Ana Carolina Barbatos Dias e Carlos Eduardo Mendes
Atendimento
Com a pandemia, algumas organizações não-governamentais (ONGs) pararam de receber atendimento presencial. O Núcleo Maria da Penha da Universidade Estadual de Ponta Grossa (NUMAPE/UEPG), que oferece auxílio jurídico e psicológico a mulheres em condição de vulnerabilidade desde 2018, no momento está fisicamente fechado e só realiza atendimentos pelas redes sociais e por plantão telefônico. Mas, por conviver mais tempo com o agressor, algumas mulheres não se sentem seguras e confortáveis em fazer o atendimento via telefone, o que também dificulta a atuação do NUMAPE em muitos casos.
Outras instituições que atendem casos de violência contra mulher também precisaram se adequar ao distanciamento social. É o caso do Juizado de Violência Contra Mulher, que passou a atender via WhatsApp, e da Patrulha Maria da Penha, que possui o aplicativo “Botão Maria da Penha” para fiscalizar a situação de mulheres com medidas protetivas. Além disso, surgiu o Boletim de Ocorrência online, registrado de forma totalmente virtual que pode ser feito no site da Polícia Civil do Paraná.
Como denunciar?
Para denunciar situações de violência e solicitar medidas protetivas de urgência, a vítima pode entrar em contato com a Delegacia da Mulher. Também é possível contatar a 13º Subdivisão Policial de Ponta Grossa em horários que a Delegacia da Mulher estiver fora do horário de expediente. Se for um caso de urgência, há a possibilidade de acionar a Polícia Militar ou a Guarda Municipal para que uma viatura seja deslocada até o local da violência para o atendimento.
Infográfico: Ana Carolina Barbatos Dias e Carlos Eduardo Mendes
Se vizinhos, familiares ou conhecidos presenciarem uma situação de violência contra mulher, é possível fazer uma denúncia anônima a partir da Central de Atendimento à Mulher (detalhes no quadro). O serviço funciona 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados, e a ligação é gratuita. Além das instituições, é válido ressaltar que o apoio dessas pessoas próximas à vítima é de extrema importância, pois dessa forma a vítima inicia o processo de encorajamento para, mais tarde, formalizar a denúncia.
Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre
Ficha Técnica
Repórter: Ana Carolina Barbatos Dias e Carlos Eduardo Mendes
Editor de Texto: Kathleen Schenberger
Publicação: Yuri A.F. Marcinik
Supervisão: Prof. Jeferson Bertolini, Rafael Kondlatsch e Muriel Emídio Amaral