Segundo os dados disponíveis, são 40 casos positivos e duas mortes.

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Fonte: Agência Brasil

 

Desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020, Ponta Grossa registrou 40 casos da doença entre moradores de rua da cidade. Além disso, duas mortes foram confirmadas. Contudo, não existem estatísticas oficiais. Segundo Rose Christoforo, coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS-POP, “podemos computar uns 40 casos, mas não podemos afirmar com certeza, alguns não chegaram ao nosso conhecimento”. 

De acordo com dados da Assistência Municipal de PG, são 150 homens e 10 mulheres em situação de rua na cidade. Christoforo afirma que o número aumentou por conta da pandemia, mas não é possível ter dados atualizados pois, segundo a coordenadora, muitos itinerantes vem para a cidade e alguns permanecem em situação de rua, além de outras pessoas que, mesmo possuindo moradia, permanecem, sobretudo, na área central da cidade. 

Dados do CadÚnico mostram que o número de pessoas morando na rua no Paraná aumentou 49,3% nos últimos três anos. Em Ponta Grossa, são 9.427 famílias em situação de extrema pobreza, segundo a mesma fonte. O Cadastro Único é uma iniciativa que soma um conjunto de informações sobre as famílias brasileiras em situação de pobreza e pobreza extrema. São com essas informações que os governos implementam políticas públicas para promover a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. 

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Segundo a ONG Anjos da Noite, que ajuda moradores de rua com alimentos, roupas e produtos de higiene, aumentou o número de pessoas na rua. De acordo com um dos fundadores, Lucas Malaquias, a ONG atendia, até o fim de 2021, cerca de 30 moradores de rua e 25 pessoas em trânsito, que vão de uma cidade a outra. Malaquias percebeu aumento de pessoas, mais de transitantes do que de moradores de rua. 

Quanto aos casos positivos de Covid-19, eles conhecem poucos. Porém, os integrantes da ONG ouvem relatos de mortes durante os atendimentos, de colegas e companheiros dos moradores de rua que faleceram por conta da doença. 

Estados com Projetos de Lei sobre Homeschooling 1

Mesmo sem dados oficiais, Christoforo acredita que 85% daqueles que estão em situação de rua tomaram a vacina de dose única contra a Covid-19, e aguardam a dose de reforço. A Abordagem Social, da Fundação de Assistência Social de Ponta Grossa, está realizando, desde o começo da pandemia, o atendimento de pessoas em situação de rua, de acordo com os protocolos. 

“Encaminhamos para UPAS, Casa da Acolhida, Campanhas de Vacinação onde foi coberto a grande maioria de pessoas em situação de rua, de abrigos, comunidades terapêuticas, acolhimentos institucionais, entre outros”, explica Christoforo.

 

Ficha Técnica:
Reportagem: Emanuelle Salatini
Supervisão de produção de texto: Marcos Zibordi
Supervisão da disciplina de NRI III: Marcelo Bronosky e Muriel Amaral

Voltado para a conscientização das mulheres sobre o câncer de colo uterino, o mês de março veste lilás para informar sobre a doença

 

O mês de março é responsável por voltar os olhares para o público feminino de modo geral. No Brasil, além de marcar o calendário com o Dia Internacional da Mulher, acontece a campanha Março Lilás, dirigida à difusão de informações sobre a conscientização da prevenção e detecção do câncer de colo de útero. De acordo com os dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), este é o quarto tipo de câncer que mais mata mulheres no país. 

Segundo informações divulgadas pelo INCA, o câncer cervical, como também é chamado, é causado pela infecção persistente de alguns tipos oncogênicos do Papilomavírus Humano - HPV. Dessa forma, de acordo com o cirurgião oncológico Ricardo Restivo, o risco de desenvolvimento da doença surge a partir do início da vida sexual, quando é possível ocorrer a primeira contaminação pelo vírus HPV. O médico expõe que a evolução de células anormais na parte estreita do útero são indícios para o diagnóstico do câncer, entretanto, ele afirma que a contaminação do vírus não seja um fator determinante para o consequente desenvolvimento da doença.

A campanha do Março Lilás traz como um de seus enfoques principais o reforço da prevenção do câncer de colo de útero. De acordo com dados do INCA, este é o terceiro tumor maligno que mais afeta a população feminina. A campanha está relacionada à difusão de informações a fim de conscientizar as mulheres para a realização de exames preventivos anuais, conhecido como Papanicolau,  além da vacinação de jovens entre 9 a 14 anos e a utilização de preservativos durante as relações sexuais.

Após ser diagnosticada e vencer o câncer, Carine Barth, conta sobre suas dificuldades em encontrar informações confiáveis e sem preconceito nas redes sociais relacionadas com a doença. Nesse contexto, ela afirma que isso a motivou a criar o perfil ONG Câncer de Colo de Útero, um espaço seguro e acolhedor para as mulheres que estão passando por essa situação e para aquelas que desejam se informar mais sobre o assunto. Carine também ressalta a importância da campanha do Março Lilás para reforçar o cuidado e a atenção das mulheres com seus corpos, além de enfatizar a necessidade de consultar médicos ginecologistas regularmente.

 

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Foto: Agência Brasil/EBC 

 

Março Lilás e o câncer de colo de útero no Paraná

No estado do Paraná, segundo a ginecologista Maria Tereza Blum Portela, apenas 25% da população feminina realiza o exame preventivo anualmente ou a cada dois anos, como orientado pelo Ministério da Saúde. Ainda que sejam feitas campanhas de conscientização sobre a importância da realização do Papanicolau, a médica ressalta a pouca adesão das mulheres. "Mesmo com campanhas, somente uma a cada quatro mulheres acabam colhendo o preventivo anualmente ou bianualmente”. Além disso, a ginecologista reforça as dificuldades que impedem diversas pacientes de fazerem seus exames periodicamente e enfatiza a necessidade de se divulgar as campanhas de conscientização, “as mulheres têm vergonha, têm dor, enfim, tem vários tabus, também tem o fato da falta de informação por isso a importância da campanha para a conscientização”.

Em Ponta Grossa, a Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC) atende a população carente (homens, mulheres, crianças), que buscam o auxílio da instituição para o fornecimento de remédios, cestas básicas, fraldas, cateteres e suplementos alimentares, além da assistência para pacientes de qualquer tipo de câncer. Sobre a prevenção e ações da RFCC, a coordenadora do setor educacional da instituição, Vera Lúcia Moura, relata sobre o suporte para que as mulheres tenham acesso ao Papanicolau. “Ao longo do ano todo fazemos essa prevenção oferecendo às mulheres de baixa renda familiar o exame preventivo de colo de útero, totalmente gratuito dentro da nossa clínica”, explica. Entre 2021 até o primeiro trimestre deste ano, a funcionária do consultório médico da RFCC, Karolayne Pereira, afirma que, em média, 220 exames preventivos foram realizados pela clínica e três diagnósticos de câncer de colo de útero foram detectados. 

Segundo a ginecologista, Maria Tereza, a campanha do Março Lilás ainda não recebeu uma ampla divulgação pela cidade de Ponta Grossa. Ela acredita que os consultórios médicos, postos de saúde e a mídia televisiva deveriam enfatizar mais esse período para um esclarecimento de informações para o público feminino. “Como a gente vive um meio da propaganda, dos meios digitais e uma vida muito corrida, acho que a hora que você lança uma campanha e relaciona ao março lilás, ao mês da mulher, com certeza é para trazer maior conscientização da população” - finaliza. 

Ficha Técnica
Repórter: Larissa Malinski
Edição e Publicação: Eduardo Machado, Germano Busato, João Paulo Pacheco e Marcus Benedetti
Supervisão de Produção: Ricardo Tesseroli
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

 Mesmo cumprindo os protocolos de biossegurança, existem divergências entre líderes religiosos sobre vacinação

 

Mesmo com reabertura aprovada em 06 de maio de 2020 pelo decreto municipal 17.293, as organizações religiosas de Ponta Grossa tiveram que mudar a forma como realizam suas cerimônias nos últimos dois anos. Cada segmento presente nos mais de 70 templos e organizações contabilizadas pelo Cadastro Nacional de Atividades Econômicas da cidade enfrentou obstáculos diferentes para manter as portas abertas. 

Dentro do segmento Cristão, como a Associação de Ministros Evangélicos (AME-PG) e párocos católicos, os locais de culto receberam apenas 30% de sua capacidade de público, por conta do distanciamento social e foram empregados métodos de higienização, como a obrigatoriedade do uso de máscaras e da disponibilização de frascos de álcool gel. 

De acordo com o padre Claudemir Nascimento Leal, da paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a Diocese de Ponta Grossa respeitou os protocolos especificados nos decretos municipais, adaptando os ritos. “As pessoas sempre ficam no mesmo lugar. Em ritos como o ofertório sempre há alguém que vai até elas recolher as ajudas para evitar o deslocamento e aglomeração. O mesmo vale para a comunhão”, comenta.

Para os judeus frequentadores da Sinagoga da Associação Cultural Anussim Brasil, houve uma adoção ao modelo híbrido.  “Através da transmissão em nossas redes, que já praticávamos antes, e seguindo os devidos protocolos da Secretaria Estadual de Saúde, nós fazemos e transmitimos nossos rituais para quem não pode estar presente”, explica Samuel Zakai, presidente e professor religioso da Associação. 

Já na Sociedade Espírita Francisco de Assis ocorreu a suspensão completa das atividades até final de 2021. “Estamos voltando só agora e seguindo os protocolos [de biossegurança] e, principalmente, recomendando a vacinação para os nossos frequentadores. Que costumam ter idades entre 40 e 60 anos”, afirma Armando Vieira, presidente da sociedade.

A medida da suspensão total de encontros comunais e presenciais também foi adotada pela Tenda de Umbanda Pai João. “Desde fevereiro todas as sessões estão sendo feitas de modo individual e realizadas apenas mediante o uso de máscara, álcool gel e comprovante de vacinação”, conta a mãe de santo, Angélica Ponzoni.

Quem não precisou promover mudanças na estrutura ritualística das cerimônias foram os muçulmanos frequentadores da Mesquita Imam Ali. Realizando as orações diárias individuais e a comunal de meio-dia de sexta-feira – com separação de horários para sunitas e xiitas - dentro dos protocolos de segurança da Secreta Estadual de  Saúde desde a reabertura, os seguidores de Maomé estão podendo seguir com os ritos sem maiores transtornos.

Para o responsável pela mesquita, o sheik Mahmoud Shamsi, graças à adesão aos protocolos e o incentivo da instituição à vacinação, a mesquita pode continuar aberta todos os dias atendendo tanto os que seguem o ramo Sunita, quanto Xiita do islamismo em horários separados. “Quem cuida de si sempre cuida dos outros também”, comenta Shamsi.

Para a professora Fabiana Mansani, diretora do Setor de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), as medidas adotadas foram importantes para a não difusão da doença nos primeiros meses da crise sanitária. “Em uma pandemia de um vírus que se sabia muito pouco em termos de estudos aprofundados, com um número elevado de mortos pela doença e ainda com certa indecisão por parte das autoridades sobre a tomada de ações mais eficazes, as medidas ajudaram enquanto esforço de proteção para a população”, explica.

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Foto: Yuri A.F. Marcinik.

 

A questão da imunização 

Ainda que representantes do Islamismo, Espiritismo e Umbanda tenham manifestado apoio a imunização dos fiéis, a questão não foi consensual entre representantes cristãos da cidade.

Segundo o padre Claudemir Nascimento Leal, a vacinação foi deixada a critério de cada paróquia pela Diocese de Ponta Grossa. “Cada um tem um jeito de pensar em certos direcionamentos políticos. Pessoalmente sou de acordo, tomei todas as vacinas. Mas foi uma decisão minha não dizer publicamente para não causar um problema maior. Algo que poderia causar um certo atrito entre comunidade e igreja.  Respeitando a liberdade de cada um, nós incentivamos de forma mais subliminar os fiéis a se vacinarem”, explica o padre. 

Já o pároco Casemiro Olizeski comenta que na Paróquia São José toda confiança é depositada na capacidade dos responsáveis por gerir a crise sanitária. “Nós sempre pedimos para que os fiéis sigam as orientações ministradas pelos responsáveis da área da saúde, pois imaginamos que ali estejam profissionais competentes que sempre visam o bem-estar da população”.

Alguns representantes da comunidade judaica de Ponta Grossa defenderam a vacinação como uma escolha individual. “A imunização é espontânea. Cada família decide pela forma que pretende participar da imunização oferecida pelo estado”, afirma Samuel Zakai, presidente da Anussim. 

Dentro da ala evangélica também há falta de consenso sobre a questão do incentivo à imunização. Enquanto a AME-PG se absteve de qualquer posicionamento, a Igreja Cristã Presbiteriana (ICP) chegou até a ceder o Centro de Convenções e Avivamento como local para a aplicação de vacinas para menores de seis a dez anos entre os meses de janeiro e fevereiro. 

Fabiana explica que a falta de consenso é uma consequência natural do nosso sistema governamental. “Houve um certo atraso na retomada das atividades pré-pandemia por conta dessa possibilidade de escolha pela imunização que o Governo Federal instaurou. Isso oportunizou que certas pessoas firmassem essa liberdade nos mais diversos conceitos socioculturais já mencionados, menos nos científicos, que tanto defendemos. Mas isso é natural de nosso sistema democrático de governo”, comenta. 

A professora ainda explica que a maior parcela de culpa pelo atraso está em um contexto maior da gestão federal. “Historicamente, o Brasil sempre foi um país modelo em termos de campanhas de vacinação. Contudo, mesmo com diversas oportunidades de iniciarmos o ciclo vacinal como protagonistas da imunização mundial, nós perdemos essas chances. Não houve demonstração de iniciativa para ir atrás de quantidades e métodos de distribuição satisfatórios condizentes com o que nossa extensão territorial e populacional exige”, lamenta. 

Quando questionada se as igrejas em posição de influência - em especial a católica, hegemônica na cidade - não poderiam ter uma postura mais incisiva em prol da vacinação, Mansani comenta que os efeitos da pandemia sobre a fé das pessoas requerem abordagens diferentes por conta da situação das instituições religiosas. “O período proporcionou um afastamento físico e desconexão muito grande entre as pessoas e os líderes religiosos. A pandemia trouxe um isolamento muito forte na fase inicial, as igrejas não teriam como focar em outro aspecto se não o da reconexão com os fiéis. Sendo de fé católica, sempre estive ciente da ideia de que nossos líderes religiosos estiveram com toda a intenção de promover a ciência como verdade, já que fé e ciência se entrelaçam” , diz.

 

Estatísticas

Segundo o último senso realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade é majoritariamente católica, com quase 69% da população se identificando com a religião. Evangélicos representam 22,56%, espíritas 2,89% e Umbanda e Candomblé 0,06%. Outras religiosidades somam 2,36% enquanto identificados como sem religião representam 3,39% da população. 

 

Ficha Técnica
Repórter: Yuri A.F. Marcinik 
Edição e Publicação: Manuela Roque e Yasmin Orlowski 
Supervisão de Produção: Rafael Kondlatsch 
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi, Maurício Liesen

Perfil se repete em Telêmaco Borba, cidade vizinha dos Campos Gerais

 

Foto Manu                                     Foto: Manu Benicio

      Em 2022, o aumento dos casos de covid-19 gerou novamente alerta em relação à pandemia, porém em um cenário diferente em Ponta Grossa: aumentos de casos positivos, porém com sintomas leves e menos óbitos. Casos graves e mortes são minoria entre os vacinados. 

“Intoxicações estão entre os métodos de tentativa de suicídios mais utilizados”, afirma psicóloga

 

Segundo o Ministério da Saúde (MS), a maior parte das mortes por intoxicações medicamentosas no Paraná ocorre em casos de suícidio. E o índice está subindo: em 2018, foram 29 mortes devido à ingestão intencional de remédios, enquanto 8 mortes resultaram de envenenamento acidental; em 2019, 37 mortes por envenenamento intencional e 7 óbitos por intoxicação acidental. Dados parciais de 2020 indicam 22 suicídios por ingestão de medicamentos e três mortes acidentais.


A psicóloga Cris Dayana Hornung explica que o consumo desregulado de remédios representa um problema cultural. “O fácil acesso contribui para o uso indevido, as intoxicações por substâncias externas estão entre os métodos de tentativa de suicídio mais utilizados. Também há a fantasia de que somente por meio da medicação o sofrimento pode ser anulado”.


O farmacêutico Cesar Fernando Kavalkeviski conta que em razão dos remédios serem facilmente conseguidos, ao invés de serem utilizados apenas para tratamentos, são ingeridos para tentativas de suicídio. “A associação de diversos fármacos transforma o produto em substância tóxica. Vale lembrar que os medicamentos controlados, em especial hipnóticos e sedativos, são a maior causa de atos suicidas e acidentes”.


Remédios fatais


Conforme o Centro de Informação e Assistência Toxicológica do Paraná, os benzodiazepínicos, antigripais, antidepressivos e anti-inflamatórios são os grupos de medicamentos que mais causam intoxicações no Brasil. Remédios do tipo lorazepam, anti-histamínicos e descongestionantes são exemplos de medicamentos comuns verificados em ocorrências de intoxicação farmacológica.

Os benzodiazepínicos, antigripais, antidepressivos e anti-inflamatórios são os grupos de medicamentos que mais causam intoxicações no Brasil. Foto: Robson Soares


De acordo com Hornung, “embora algumas medicações combatam ideias suicidas e sintomas depressivos, as substâncias também podem agravar momentaneamente o quadro do paciente, de modo a piorar ou até mesmo precipitar um comportamento suicida”. A psicóloga frisa que toda medicação controlada traz efeitos colaterais a curto, médio e longo prazo, por isso é vital a prescrição e acompanhamento profissional.


Sobre armazenamento adequado, Kavalkeviski explica que os produtos “devem ser guardados em armário alto para dificultar o alcance de crianças ou pessoas com distúrbios psiquiátricos. Também orienta-se manter em compartimento trancado onde apenas o responsável por dispensar a medicação tenha acesso”.De acordo com registros do MS referentes aos períodos de 2018, 2019 e 2020, os casos de morte por intoxicação intencional envolvem pessoas com idades entre 15 e 80 anos. No ano de 2018, a faixa etária de 30 a 39 anos corresponde a maior parte dos óbitos, nove no total. Em 2019, novamente pessoas na mesma faixa etária representaram a maior parte das mortes, 12. Os dados parciais de 2020 apontam mudança na faixa etária: pessoas entre 20 e 29 anos correspondem ao grupo com maior número de mortes, oito no total.

 

Ações para minimizar intoxicações


O conselheiro do Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Ponta Grossa, José dos Passos Neto, afirma que de acordo com o Plano Municipal de Saúde, a prefeitura deve assistir a população com atenção farmacêutica, iniciativa voltada ao uso racional de remédios, e aumentar o número de farmacêuticos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Neto conta que, em Ponta Grossa, das 50 UBSs existentes, apenas dez têm profissional farmacêutico.


Sobre suicídio por ingestão de medicamentos, Neto diz que otimizar a ação da Vigilância Sanitária contribui para a solução do problema. “Investir em mais técnicos capacitados para realizar um controle mais efetivo por paciente, junto às farmácias privadas e públicas, no que diz respeito ao consumo de medicamentos e retenção de receitas de remédios com ação no sistema nervoso, pode reduzir os riscos de atos suicidas”.


O presidente do CMS de Ponta Grossa, Jefferson Leandro Gomes Palhão, aponta que informar a população representa a solução mais efetiva para combater intoxicações por medicamentos. “O Poder Público deve orientar as pessoas através de campanhas mais intensificadas e massivas de conscientização. No Brasil, temos números elevados de indivíduos que consomem remédios por conta própria e isso traz prejuízos à saúde pública”.

 

Confira a entrevista com a psicóloga Cris Dayana Hornung sobre como conversar sobre suícidio representa uma ação importante para aliviar o sofrimento psicológico de pessoas com transtornos mentais e vítimas de ideação suícida:

Ficha técnica

Reportagem: Robson Soares

Supervisão de produção de texto: Marcos Zibordi

Supervisão da disciplina de NRI III: Marcelo Bronosky e Muriel Amaral

Com mais da metade da população imunizada, cidades flexibilizam restrições e começam a retornar a normalidade

Resumo

- Quase 187 mil municípios brasileiros completaram o esquema vacinal;

- Número de casos confirmados e de mortes vem diminuindo;

- Internações diminuíram 42,75% em outubro.

 

A Campanha Nacional de Imunização contra a covid-19 continua avançando em todas as cidades do Paraná. Em Ponta Grossa, já foram imunizados 99% da população acima dos 18 anos, com pelo menos uma dose. Além disso, quase 187 mil municípios completaram o esquema vacinal com as duas doses ou dose única, o que corresponde a 64,4% da população adulta.

Com a grande adesão da população à imunização contra a covid-19, o número de casos de internação e contaminação vem diminuindo no município. Em outubro houve uma queda de 42,73% no número de casos ativos, quando comparado com o mês de setembro.

No início do ano, os hospitais enfrentaram um grande colapso com a falta de leitos de enfermaria e de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Com a diminuição de novos casos, o número de internações nas UTIs estão em queda na cidade. Segundo dados divulgados pela prefeitura, através dos boletins diários, a ocupação dos leitos de UTI está em queda de 10,34%, comparado com os últimos 14 dias.

A cidade de Ponta Grossa registra mais de 1.300 óbitos em decorrência da pandemia; desses, 1.134 foram registrados apenas em 2021. No entanto, com o avanço da campanha de vacinação, o número de casos confirmados e de mortes vem diminuindo.

 

Foto: Vanessa Galvão de Souza Lima

 

Hospitais e leitos

A infectologista, Gabriela Margraf Gehring, que atuou na linha de frente do combate ao coronavírus no Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais, afirma que “as internações e os óbitos caíram drasticamente com o avanço da vacinação, as enfermarias estão praticamente vazias, algumas estão até fechando.”

A rede privada de hospitais de Ponta Grossa também foi bastante afetada, muitas vezes atingindo lotação máxima. Franciane do Bonfim Kosiedovski Dolgan, técnica de enfermagem, comenta que “atualmente a taxa de ocupação diminuiu, assim como a gravidade dos pacientes e, consequentemente, a diminuição dos óbitos”. Ela ainda afirma que a vacinação foi um grande marco para a diminuição de internações. "Nós da linha de frente que acompanhamos de perto toda situação, podemos dizer com toda certeza que a vacinação fez a diferença”.

No entanto, a infectologista Gabriela Margraf Gehring lembra do problema da não vacinação e afirma que, atualmente, a maioria das internações registradas são de pessoas que ainda não se vacinaram, pois não acreditam na eficácia da vacina. “Acabamos levando os pacientes anti-vacinas para a UTI por piora no quadro, esses pacientes muito provavelmente se estivessem vacinados não estariam ali no hospital, precisando de atendimento ”.

 

Novas restrições

Com a diminuição dos casos positivos e de óbitos, a prefeitura de Ponta Grossa publicou um novo decreto no dia 28 de outubro, que revoga as medidas restritivas impostas para o combate à pandemia. Apenas o distanciamento social e o uso de máscara em ambientes fechados são obrigatórios na cidade.

Com o novo decreto, os estabelecimentos públicos como bares, restaurantes e casas noturnas não têm limite de público. A exigência do comprovante de vacinação para acesso em eventos também não é mais obrigatória.

 

Ficha Técnica
Repórter: Vanessa Galvão de Souza Lima
Edição e Publicação: Deborah Kuki
Supervisão de Produção: Vinicius Biazotti
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi, Maurício Liesen

 

Baixos índices de vacinação podem facilitar a volta de doenças consideradas erradicadas, como  sarampo e poliomielite

 

Resumo:

  • Em 2021 Ponta Grossa não atingiu a meta recomendada pelo Ministério da Saúde em nenhuma das nove vacinas obrigatórias para crianças de até um ano de idade;
  • A Fundação Municipal de Saúde afirma que a queda na cobertura vacinal foi provocada pela pandemia e que deve ser normalizada nos próximos meses;
  • A Secretaria de Estado da Saúde afirma que em 2019, após 20 anos sem registros de sarampo, o Paraná confirmou 1653 casos da doença;
  • Especialistas reiteram a carência de um canal de comunicação que destaque os imunizantes como uma ferramenta de proteção e atue no combate à desinformação.

 

O medo provocado pela pandemia de covid-19 afastou a população das salas de vacinação. Neste ano, em Ponta Grossa, nenhuma das nove vacinas obrigatórias para crianças de até um ano de idade atingiu a meta recomendada pelo Ministério da Saúde, que é de 90% para rotavírus e BCG e de 95% para as outras vacinas. Ponta Grossa já chegou a atingir quase 114% de cobertura geral, em 2015. De lá para cá, esse índice não ultrapassou 85% e segue em queda pelo terceiro ano consecutivo. Há poucos dias do fim do ano, a cobertura vacinal geral na cidade é de 60%, uma das mais baixas desde 2016, quando chegou a 49%, de acordo com dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) coletados até 13 de dezembro deste ano. A baixa cobertura vacinal acende o alerta para a volta de doenças até então consideradas controladas, como o sarampo e a poliomielite.

Em Ponta Grossa, um dos menores índices é o da segunda dose da tríplice viral, que previne contra o sarampo, caxumba e rubéola. A cobertura da vacina atingiu pouco mais de 22% do público-alvo. Enquanto isso, a primeira dose está próxima de atingir a meta, chegando a 94%. Para completar o ciclo de imunização, a criança deve receber duas doses: uma aos 12 meses e outra aos 15 meses de vida. A segunda dose pode ser substituída pela vacina tetra viral, que também previne contra a varicela. O imunizante, que nunca atingiu a meta recomendada, apresenta a pior cobertura vacinal na cidade, cerca de 17%.

Por meio da assessoria da Prefeitura de Ponta Grossa, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) disse que a queda na cobertura vacinal foi provocada pela pandemia e que deve ser normalizada nos próximos meses. Sobre medidas para incentivar a vacinação, a FMS informou que tem orientado a comunidade através dos agentes comunitários de saúde, além de realizar vacinação itinerante e ampliar o número de salas de vacina. O órgão afirmou ainda que não há falta de vacinas nas Unidades Básicas de Saúde. Também foram questionadas quantas ações de vacinação geral foram realizadas em 2021 e se o município pretende promover alguma campanha até o fim do ano, mas a reportagem não obteve resposta até a publicação desta matéria.

 

 

Em 2019, após 20 anos sem registros de sarampo, o Paraná confirmou 1653 casos da doença, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. No ano passado, foram 428 diagnósticos. O sarampo é causado por um vírus altamente contagioso e pode provocar febre, tosse, coriza e manchas vermelhas pelo corpo. A transmissão ocorre de uma pessoa para outra por partículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar. Em casos mais graves, a doença pode causar pneumonia e encefalite e até mesmo levar à morte. 

Outra doença que preocupa especialistas é a poliomielite, que pode causar paralisia infantil. Em 2021, Ponta Grossa registrou a menor cobertura vacinal da pólio nos últimos 27 anos, cerca de 65%. Um dos reforços da vacina, aplicado aos 4 anos de idade, está entre os piores índices do município, com apenas 40% das crianças vacinadas.

 

Brasil

No Brasil, onde a poliomielite é considerada erradicada, o último caso foi confirmado em 1989. No entanto, a circulação do poliovírus em países como Afeganistão e Paquistão pode provocar o ressurgimento da doença em outros locais. “A cobertura da pólio nunca foi tão baixa nos últimos 20 anos no Brasil. Quando a cobertura vacinal não é atingida, começam a surgir pequenos surtos da doença”, alerta Heloísa Gianberardino, pediatra e presidente da regional paranaense da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim).

 

 

Assim como o sarampo, a poliomielite também é uma infecção viral altamente contagiosa. Sua transmissão acontece pelo contato direto com infectados ou pela ingestão de água e alimentos contaminados com fezes de portadores do vírus. Os principais sintomas são febre, dor de cabeça, dor no corpo, náusea e rigidez muscular. Em quadros mais graves, pode causar a paralisia de membros inferiores.

De acordo com o artigo 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a vacinação infantil é obrigatória nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. Por mais que seja um direito garantido, Heloísa lembra que alguns pais optam por não vacinar os filhos. “Se o pai e a mãe não querem se vacinar, isso é uma opção do adulto. Mas, a criança não tem essa opção. Não vacinar é um ato de negligência”, explica a pediatra. 

Em caso de descumprimento da lei, os pais ou responsáveis pela criança podem ser penalizados com uma multa que varia de três a vinte salários mínimos, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

 

Baixa cobertura

A realidade de baixa taxa de imunização a doenças controladas que acontece em Ponta Grossa não é exclusividade do município. No Brasil, a redução constante ocorre desde 2018. Até 13 de dezembro, a cobertura nacional não contemplou nem metade do público-alvo, chegando a 48,3%, patamar muito próximo do que era registrado entre 1995 e 1996. 

 

 

Um dos fatores que derrubou as taxas de vacinação é a circulação de conteúdos falsos nas redes sociais. “As fake news fazem com que as pessoas hesitem em tomar algum tipo de vacina. Esse é o maior problema para a cobertura vacinal”, afirma Leandro Torres, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e criador do perfil Hora de Vacinar.

Por mais que acreditem na segurança e eficácia das vacinas, algumas pessoas não se imunizam no momento adequado, o que pode facilitar o retorno do sarampo, poliomielite e difteria, segundo especialistas. Com o aprimoramento dos imunizantes, os casos e mortes provocados por determinadas doenças diminuíram expressivamente. Por mais positivo que seja, o controle epidemiológico merece atenção. “As pessoas acham que as doenças não estão ocorrendo e deixam de se vacinar, o que é um grande erro”, ressalta a pediatra Heloísa Gianberardino. “Muitos esquecem que as doenças só foram controladas por causa das vacinas”, destaca Leandro Torres. 

Em alguns casos, a subnotificação da aplicação de doses também pode interferir na cobertura vacinal. Isso acontece quando uma pessoa é vacinada, mas o registro não é incluído no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações e em plataformas municipais e estaduais. Dessa forma, por mais que a vacina tenha sido aplicada, o dado não é contabilizado nas estatísticas de imunização.

 

Incentivo

Diante do cenário de baixa cobertura vacinal, ações que incentivem a população de todas as faixas etárias a atualizar a carteira de vacinação são essenciais. Especialistas reforçam a necessidade de um canal de comunicação que destaque os imunizantes como uma ferramenta de proteção e atue no combate à desinformação. Para Heloísa, não cabe discutir se a vacina é importante ou não. “Ela é um recurso inquestionável. Depois da água tratada, a medida que mais salva vidas é a vacina“, destaca.

Leandro Torres adverte que alguns profissionais de saúde desconhecem as vacinas que uma pessoa deve receber ao longo da vida. “Esse tipo de informação precisa ser comunicada por diferentes especialidades. Seria interessante que, durante um atendimento, o médico, enfermeiro ou auxiliar perguntasse ao paciente se suas vacinas estão em dia”, sugere. 

Os especialistas também defendem que as ações e estratégias de vacinação, seja no âmbito municipal, estadual ou nacional, devem ser orientadas por decisões técnicas. 

 

Serviço

A população de Ponta Grossa pode se vacinar gratuitamente em qualquer uma das vinte Unidades Básicas de Saúde que possuem sala de vacinação: Adam Polan, Alfredo Levandoski, Antero de Mello, Antônio Russo, Carlos Ribeiro, Cleon de Macedo, Cyro Garcia, Egon Roskamp, Jayme Gusmann, José Bueno, José Carlos de Araújo, Julio de Azevedo, Lauro Muller, Lubomir Urban, Luiz Conrado Mansani, Nilton de Castro, Ottoniel Pimentel, Roberto Portela, Rômulo Pazinato e Zilda Arns (clique aqui e confira o endereço de cada UBS).

Os postos de vacinação funcionam de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h. 

 

Ficha técnica

Reportagem: Matheus Gaston

Edição e publicação: Levi de Brito

Supervisão de produção: Muriel Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

 

Cerca de 11,3 milhões de brasileiras de baixa renda são afetadas diretamente

 

As pessoas que menstruam vivem em média 450 ciclos menstruais durante a vida, mas para parte das mulheres brasileiras, os itens de higiene básica necessários durante esse período estão fora de alcance. Segundo pesquisa realizada pela marca Sempre Livre, quatro em cada 10 pessoas convivem com a pobreza menstrual, sejam elas mesmas ou alguma conhecida. Sobre o ciclo menstrual, 36% dizem não saber bem o que acontece com seu corpo.
De acordo com o relatório Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos, realizados pelo Fundo de População das Nações Unidas e o Fundo das Nações Unidas para a Infância , 713 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio.
Segundo a mesma pesquisa, 900 mil não têm acesso a água canalizada em suas casas e cerca 6,5 milhões vivem em locais sem ligação com a rede de esgoto. O problema é ainda maior considerando o recorte racial: cerca de 24% das meninas brancas residem em locais avaliados como não tendo serviços de esgotamento sanitário, chegando a 37% entre meninas negras.


Os estigmas e a menstruação
Caroline Willing, jornalista e doutoranda com pesquisa sobre o tema “estigmas impregnados na menstruação’’, explica que as problemáticas estão relacionadas ao modo como a sociedade enxerga pessoas que menstruam. “Esse processo de se criarem estigmas envolvendo a menstruação coloca pessoas com útero dentro dessa cultura sexista. Estigmatizar a menstruação é parte desse processo de subalternização, porque a menstruação acomete as pessoas com útero, pessoas que menstruam e desde muito tempo o patriarcado nos colocou como incubadoras humanas’’.
Segundo ela, os estigmas sobre a menstruação vem desde a Bíblia e continuam até os dias atuais, colocando a menstruação como algo sujo. “A mídia tanto tece a cultura como é tecida por ela, é colonialista, misógina e cisheteronormativa, então acaba que a grande mídia está a favor desses estereótipos”.
Caroline critica o essencialismo biológico e a utilização da categoria “mulher’’ quando se fala em pessoas com útero. “Muitas vezes vemos reportagens que colocam meninas que menstruam e ignoram homens trans e não binários. A mídia contribui para a manutenção desse sistema, da mesma forma que ela tem o poder de quebrar esses estereótipos.’’

 

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Quatro em cada 10 mulheres convivem com a pobreza menstrual | Foto: Ana Paula Almeida


A pobreza menstrual e o ambiente escolar
Ainda de acordo com a pesquisa da Sempre Livre, a maioria das pessoas que sofrem com a pobreza menstrual está em idade escolar, pois 40% das pessoas de baixa renda que são afetadas pela pobreza menstrual têm entre 14 e 24 anos.
“Considero a pobreza menstrual um problema criado pelo neoliberalismo, neocolonialismo e capitalismo, que empobrece a população e faz com que pessoas que menstruam não saibam o que tá acontecendo com seu corpo, não tenham condições financeiras, nem socioambientais de gerir seu ciclo de forma higiênica e saudável’’, destaca Willing.
Além dos riscos físicos e psicológicos, as faltas na escola aparecem nas pesquisas, apontando que 16% das estudantes costumam faltar durante o período menstrual por falta de banheiros limpos e 12% estão ausentes das aulas por falta de absorvente durante a menstruação.


Ações governamentais
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro vetou projeto de lei que previa a distribuição gratuita de absorventes íntimos para estudantes de baixa renda e moradores de rua. Com a repercussão negativa, o presidente voltou atrás e declarou que vai viabilizar a aprovação do projeto.
Para a pesquisadora Caroline Willing, é importante haver, também em âmbito municipal, políticas públicas que permitam que quem menstrua possa ter acesso a outras alternativas, além do absorvente descartável. Ela propõe que essas alternativas estejam alinhadas com pequenos negócios locais, fomentando assim a dignidade menstrual e fortalecendo a economia. Ela ainda ressalta a importância de cobrar das empresas um absorvente descartável ecológico.

Ficha Técnica
Repórter: Quiara Camargo dos Santos
Edição e Publicação: Gabriel Ryden
Supervisão de Produção: Vinicius Biazotti
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi, Maurício Liesen

Por causa da pandemia, o Paraná teve o menor índice de nascimentos desde 2002

 

Ao contrário das especulações de um possível baby boom como resultado do isolamento social, os índices de natalidade no país apresentam queda durante o período pandêmico. De acordo com os dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde, as taxas de natalidade brasileiras atingiram, em 2020, o menor número em comparação aos últimos 27 anos. 

Segundo a ginecologista e obstetra Maria Tereza Blum, esta drástica redução na quantidade de nascimentos tem sido uma das consequências do aumento de divórcios ocorridos durante o período de pandemia. Segundo informações do Portal da Transparência do Registro Civil, nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, a quantidade de registros de nascimentos caiu 24% em comparação ao mesmo período em 2020, equivalente a 106,6 mil pessoas. 

 

Natalidade paranaense em queda

Segundo o Instituto do Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Paraná (Irpen), o estado apontou um dos menores índices de registros de nascimentos realizados em janeiro, desde 2002. Nesse mesmo mês, ocorreram 12.232 nascimentos no estado, 9,66% menor que no ano passado. Esse levantamento é feito com base nos registros de nascimentos realizados em 519 Cartórios de Registro Civil.

Maria Tereza Blum destaca que houve uma grande queda na procura de consultas obstétricas, desde o começo da pandemia, principalmente, a partir do final de 2020, por conta da população em geral não ter noção da magnitude que a crise causada pelo Coronavírus tomaria. “Houve uma queda muito grande, não no desejo da gravidez, mas na coragem de uma gestação”, salientou a médica.

Além disso, diante de um cenário de incertezas, ela ressalta outros fatores que influenciam na diminuição das gestações e na impulsão do uso de métodos contraceptivos durante o período pandêmico. “Pessoas que não viam problema de engravidar passaram a se preocupar mais com as chances de gravidez. E, não só pelo risco de contrair o COVID ou do bebê ter alguma má-formação, mas pelo risco de perder o emprego, por questões financeiras, não somente de saúde”.

 

Mulher guardando uso de pelúcia na gaveta. Foto Larissa Lillo Del Pozo Malinski

Mulher organizando quarto do bebê | Foto: Larissa Lillo Del Pozo Malinski

 

A queda da natalidade pelo mundo

De acordo com o estudo italiano The COVID-19 pandemic and human fertility (A pandemia de covid-19 e a fertilidade humana), publicado na revista Science, existe a previsão de uma redução drástica das taxas de natalidade no mundo pós-pandemia, como resultado dos impactos causados pelo Novo Coronavírus. 

Nove meses após o início da pandemia, em 2020, países como Japão, França e Bélgica pertenciam ao grupo de nações que relataram quedas drásticas dos nascimentos. E países como a França registraram maiores quedas de natalidade de 2020 para 2021.

Nos EUA, o Think Tank Brookings Institution estimou, que em dezembro do ano passado, nasceriam 300 mil bebês a menos em 2021. Diante desses índices, o jornal americano Wall Street Journal, apresentou como uma tendência global a queda da natalidade por conta da crise sanitária e econômica estabelecida na atualidade.

 

Ficha Técnica

Repórter: Larissa Lillo Del Pozo Malinski

Edição e Publicação: Ana Paula Almeida

Supervisão de Produção: Vinicius Biazotti

Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Em Ponta Grossa, 24 pessoas morreram da doença em 2021

 

O câncer de próstata tem a segunda maior incidência de cânceres em homens, sendo o primeiro de pele, correspondendo a um risco estimado de 62 novos casos a cada 100 mil homens. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa feita para o triênio 2020-2022 é de que surjam, anualmente, 65.840 novos casos. O câncer de próstata causa cerca de 15 mil óbitos anuais, a segunda maior taxa de mortalidade por câncer que atinge homens no país.  

No mês de novembro acontecem campanhas de conscientização, mundialmente conhecidas como Novembro Azul. A campanha contra o câncer de próstata tem o intuito de chamar a atenção para a prevenção e o tratamento da doença. Contudo, os exames preventivos devem ser realizados ao longo de todo o ano.

 A doença consiste em um tumor que afeta a glândula localizada abaixo da bexiga e que envolve a uretra. Segundo a Secretaria da Saúde do Paraná, os sintomas iniciais mais comuns são dificuldade em urinar, presença de sangue na urina, demora para começar e terminar de urinar, além da diminuição do jato de urina e a necessidade de ir ao banheiro diversas vezes. Além disso, em casos de doenças benignas da próstata, pode ocorrer um aumento de tamanho da área ou inflamação na próstata, conhecida como prostatite.

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Infográfico: Tamires Limurci

Em Ponta Grossa, o coordenador da Atenção Primária à Saúde (APS), Thiago Bueno, explica que uma das maiores dificuldades encontradas é a falta de adesão dos homens por vergonha ou pela falta de costume em procurar um especialista. Conforme informações da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, em 2021, houve 24 mortes relacionadas a neoplasia maligna da próstata. “O homem só não possui uma taxa maior de mortalidade, quando comparado com as mulheres, na faixa-etária de 80 anos porque muitos não chegam nessa idade”, comenta.

O agricultor José Antônio (nome fictício), 42, descobriu o tumor na próstata em junho de 2021; entretanto, sintomas como inchaço e dores na hora de evacuar ocorriam desde maio. Ao acreditar que o diagnóstico poderia ser de hemorroida, José se automedicou. Somente após ir ao médico e realizar exames de toque, a doença foi confirmada. “Tive muita sorte de ter descoberto cedo, mas me sinto culpado de não ter ido ao médico antes", afirma. O agricultor, que hoje faz radioterapia cinco dias da semana, revela que por conta da vergonha, ainda não contou para todos os seus amigos e familiares sobre seu diagnóstico, porém está determinado a incentivar os amigos a fazerem o exame.

Tratamentos

Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece todas as modalidades de tratamento de forma integral e gratuita, seguindo indicações de um médico especializado. A duração do exame leva, em média, cinco minutos. O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomendam a realização de exames antes dos 40 anos para homens sem sintomas.

 

Este texto faz parte da edição 220 do Foca Livre, jornal-laboratório produzido por alunos do segundo ano de jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

 

Ficha Técnica
Repórter: Tamires Limurci
Edição e Publicação: Maria Eduarda Eurich
Supervisão de Produção: Muriel Amaral
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi, Maurício Liesen

Depois da pandemia, o avanço da vacinação representa a esperança da volta à normalidade

 

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Um dos últimos eventos públicos pré-pandemia realizados no Parque Histórico de Carambeí em 2019 | Foto: Yuri A.F. Marcinik/ Projeto Lente Quente 

 

Segundo uma pesquisa realizada pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), a pedido da Pfizer Brasil e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), a ampliação da vacinação no país traz sensações positivas para a população, como em Carambeí, interior paranaense.

De acordo com a pesquisa, a vacinação representa esperança (29%), otimismo (24%) e alívio (16%) para os brasileiros, Somados, esses índices representam 69% do total de 11 opções contidas no questionário.
Ainda segundo o levantamento, a maioria dos entrevistados afirma ter incentivado outras pessoas a se vacinarem, na seguinte proporção: 85% incentivaram familiares; 61%, amigos; 38%, colegas de trabalho ou funcionários; e 36%, vizinhos (esta questão permitia mais de uma resposta).

Com base nessa pesquisa, a reportagem verificou as expectativas da população de Carambeí (PR) e confirmou as expectativas positivas de uma diarista, uma comerciante, um trabalhador rural e um gerente.

 

 Cecília, diarista

Para a diarista Cecília Clarice Rein Neves, 57, o próximo ano representa um recomeço. Depois que o marido ficou desempregado, o casal precisou procurar um novo local para morar. Eles saíram da zona rural para a urbana e, segundo a diarista, foi necessário se adaptar. Mesmo com as recentes dificuldades enfrentadas, Cecília espera que o próximo ano seja positivo. “Tivemos que recomeçar em um novo lugar, então espero que em 2022 toda a família esteja vacinada e que tenhamos boas lembranças na nossa nova casa”.

 

Karen, comerciante
Já para Karen da Silva Custódio, 32, comerciante, 2022 representa a aproximação com os familiares, de forma segura e sem medo. Ela conta que a família passou por momentos difíceis quando o pai testou positivo para Covid-19. Por esse motivo, ter cada vez mais pessoas vacinadas e, sobretudo, poder ter o pai presente nas festas de fim de ano, será uma celebração não apenas de mais um ano que começa, mas também uma celebração à vida.

 

Adriano, trabalhador rural
Adriano dos Santos Lopes, 22, trabalhador rural, aponta que o avanço da vacinação representa maiores expectativas para a volta à normalidade. Ele destaca ter esperança de que ocorra maiores flexibilizações no próximo ano. Além disso, Adriano espera que 2022 traga a possibilidade de deixar de usar a máscara e frequentar os lugares como antes, sem restrições. No entanto, ele compreende que nesse novo recomeço ainda vai ser necessário manter hábitos adquiridos na pandemia, como o uso frequente do álcool em gel.

 

Elielson, gerente administrativo
Para Elielson Nascimento Guirado, 27, gerente administrativo, o próximo ano representa um alívio por existirem muitas pessoas vacinadas. Porém, ele destaca que, mesmo com o avanço da vacinação, ainda não é possível afirmar quando haverá de fato o retorno ao que é considerada a "vida normal". Outro ponto ressaltado por Elielson é de que poderiam ter mais pessoas vacinadas se não fosse pela desinformação. "Desinformação e, pior ainda, informação errada de pessoas públicas que pesam no pensamento do povo. Além do uso de remédios sem comprovação e mitos negativos sobre a vacina, muitos sem o menor nexo".

 

Ficha técnica

Reportagem: Deborah Kuki
Edição e Publicação: Yuri A.F. Marcinik
Supervisão de produção: Jeferson Bertolini
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen