Falta de informação causa confusão sobre os serviços e atendimentos prestados

 

Após quase um mês da reabertura da UBS Sady Silveira, moradores que frequentam o posto de saúde reclamam da falta de informações, condições e serviços básicos do novo local. Esta é a quarta mudança de endereço da unidade que presta atendimento a cerca de 10 mil pessoas, principalmente para a população do bairro de Olarias e Coronel Cláudio. De acordo com a Prefeitura, o espaço não é definitivo, mas irá funcionar até a construção do prédio destinado a UBS, que ainda está em fase de licitação.

DSC 0013Localizado no bairro de Olarias, a sede temporária da UBS Sady Silveira abriu em 20 de junho. Foto: Victoria Sellares

 

Segundo uma funcionária, que preferiu não ser identificada, não há previsão de retorno dos serviços que ainda faltam. “Mudamos há uma semana, ainda estamos nos ajustando de acordo com o que o espaço permite. Foi dito que tanto o dentista quanto a vacinação retornariam, mas não sei quando”, afirma. 

Um membro da associação de moradores da região, que preferiu não se identificar, se mostrou revoltado com a falta de indicação definitiva por parte do Poder Público. “Nós lutamos por 15 anos por um espaço fixo, depois que conseguimos, ele não durou um ano e, mais uma vez, nos jogaram para um espaço temporário para esperar a construção de outro prédio”.

Para Fátima Pereira, moradora do bairro, que buscou o atendimento na UBS, a principal dificuldade do novo local é a falta de informação de reabertura da unidade. “Eu fico aliviada de fazer novamente as consultas próximo de casa, mas o problema é que quase não tem informações do novo local. Eu só descobri quando cheguei em Uvaranas, na UBS Madre Josefa, onde estavam atendendo provisoriamente, me atrasei para a consulta por não saber da mudança de novo”. Depois disso, ela teve que voltar a Olarias.

Ana Maria Bilek é moradora de Olarias e é atendida na unidade Sady. Ela diz que o local é menor e por isso os atendimentos são limitados. “É a segunda vez que venho aqui, aparentemente a qualidade segue a mesma, posso dizer que está razoável, mas espero que seja de fato temporário, porque é um espaço pequeno”, diz.

 

Serviço:

Rua Quatorze de Julho, nº 162 – Olarias

Atendimento: Segunda a sexta-feira, das 9h às 17h

 

 

Ficha técnica

Reportagem: Victória Sellares

Edição e publicação: Amanda Martins e Carlos Solek

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Pacientes realizam tratamento sozinhas ou pagam valores altos para conseguir atendimento

O agendamento de consultas com ginecologistas em Ponta Grossa é uma dificuldade encontrada pelas mulheres, e mesmo com planos de saúde, nem todas conseguem a consulta e precisam pagar pelo atendimento particular. Em levantamento feito pela reportagem com 30 mulheres de 18 a 40 anos de idade, todas afirmaram ter enfrentado espera de meses para serem atendidas. 

Nivian Nascimento, de 34 anos, deu à luz a primeira filha em outubro de 2021. Em dezembro, tentou marcar consulta com a ginecologista que a acompanhava durante a gravidez. Ela teve problemas com o medicamento receitado e a formação de quelóide na cicatriz do parto. Mesmo em processo pós-operatório, Nivian só conseguiu a consulta para nove meses depois do agendamento. “Por conta própria, comprei um remédio na farmácia e estou fazendo a aplicação na cicatriz”.

 

ATENDIMENTO MÉDICO SAÚDE Mariana Okita

Foto: Mariana Okita

 

Para realizar a colocação de um Dispositivo Intrauterino (DIU), a estudante Angela Galvão entrou em contato com três ginecologistas de Ponta Grossa. “As médicas só tinham horários disponíveis em datas distantes, a não ser que eu pagasse por fora”. Ela conseguiria a consulta, caso pagasse entre R$ 200 e 400. 

Devido à pressa para realizar o procedimento, Angela desembolsou o valor para a aplicação do aparelho, que não incluiu o objeto e nem o valor do procedimento. Caso precisasse de anestesia, os cuidados no centro cirúrgico e a atuação de outro profissional seriam pagos por fora. 

Para verificar o motivo da demora para os atendimentos, a reportagem entrou em contato com oito ginecologistas que atendem em clínicas no centro da cidade. Os médicos argumentam que a agenda cheia e a sobrecarga causada pelo número pequeno de médicos conveniados a planos de saúde, dificultam o rápido atendimento. Pacientes novas só são aceitas pelas clínicas para consulta particular. Em caso de convênio, a agenda está fechada. 



Ficha Técnica

Repórter: Maria Helena Denck

Edição e Publicação: Isadora Ricardo

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

O procedimento leva no mínimo 45 minutos

Os doadores de sangue do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar) questionam o tempo para realizar o procedimento. Por mais ágil que seja, ao menos 45 minutos são utilizados. Uma das pessoas que reclamou é o professor Thiago Takaji. Para fazer a doação, ele se organiza com algum tempo de antecedência porque sabe que pode esperar para que o procedimento seja feito por completo. “Eu trabalho com aulas particulares e sempre penso que estou deixando de marcar uma aula ou preparar material para ficar esperando”, explica. O professor já doou sangue três vezes e afirma que o tempo médio do processo ultrapassa mais de uma hora e meia.

A estudante Audrey Lunelli conta que nunca doou sangue, mas a experiência que teve ao acompanhar um amigo no Hemepar em 2017 fez com que ela se sentisse desmotivada. “O processo entre chegar no Hemepar e esperar pela entrevista inicial foi de, mais ou menos, uma hora”, explica. A estudante ainda afirma que a espera foi em vão, já que o amigo foi impedido de doar sangue por ser homossexual*.  

DOAÇÃO SANGUE Maria Fernanda de Lima

Foto: Maria Fernanda de Lima/Arquivo Periódico

Fabíola Viol, coordenadora da instituição, afirma que são muitos os motivos que tornam a doação de sangue um processo demorado. Mesmo reconhecendo que há certa morosidade, não há muito o que fazer, uma vez que os processos de atendimento são executados para garantir as medidas sanitárias e de segurança. “Pedimos para que as pessoas disponibilizem, pelo menos, uma hora, e que agendem em um dia em que estão tranquilas, sem compromissos imediatos após o horário de atendimento”, afirma. As etapas para a doação de sangue são a identificação do voluntário na recepção do Hemepar, a entrevista em que é confirmada a segurança do doador para que esteja apto para passar pelo processo, a preparação do material, a doação em si e o tempo em que a pessoa deve ficar no estabelecimento para que seja garantido o seu bem estar. 

Além dos procedimentos corriqueiros, há ainda os imprevistos que eventualmente podem ocorrer. A coordenadora explica que, caso algum voluntário passe mal durante o processo da doação de sangue, outros doadores não são atendidos até que a segurança de quem teve algum imprevisto de saúde seja garantida, por uma questão de respeito e cuidado. Mesmo com uma estrutura considerável, a entidade tem, no momento, quatro cadeiras de coleta de sangue. “Fazemos um agendamento para atender quatro pessoas ao mesmo tempo, mas se uma das cadeiras está ocupada, é claro que vamos ter um atraso no atendimento”, explica.

 

*Desde 2020, a restrição que proibia homossexuais de doarem sangue foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal.

 

Ficha técnica:

Repórter: Maria Helena Denck

Edição e publicação: Maria Helena Denck

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

O caso foi confirmado em Curitiba; outros dois casos estão sendo investigados. Saiba como se proteger

 

A Secretaria de Estado da Saúde confirmou, na tarde do último domingo (03), o primeiro caso de varíola do macaco no Paraná. O caso de monkeypox ocorreu em um homem, de 31 anos, que esteve em São Paulo nos últimos dias e mora em Curitiba, capital paraense. O caso foi confirmado entre duas outras suspeitas, nas cidades de Londrina e Cascavel, que seguem em investigação.

 

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Imagem: Lente Quente / Vtoria Testa

 

A doença viral é transmitida através de contato físico com lesões, secreções e fluídos corporais de pessoas contaminadas, podendo ocorrer até na troca de objetos pessoais. A varíola causa lesões na face, que posteriormente se espalham pelo corpo da vítima, mas é incomum evoluir para casos graves, como alerta o Instituto Butantan.

 

Para se proteger é ideal fazer a utilização da máscara facial de proteção, bem como higienizar as mãos com frequência. Além disso, é necessário evitar contato com animais mortos, potenciais transmissores da varíola, que fica em incubação entre dois e 13 dias no corpo da vítima.

 

Ficha técnica:

Repórter: Heryvelton Martins

Edição e publicação: Heryvelton Martins

Supervisão de produção: Marcos Zibordi

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Câncer ocular é descoberto em Ponta Grossa a partir de postagens de jornalista da Globo

 

Em 2021, o apresentador Tiago Leifert deixou os estúdios da Globo por conta do tratamento de retinoblastoma em sua filha, Lua Garbin Leifert. A repercussão da notícia na mídia revelou sete novos casos da doença no Brasil, um deles na cidade de Ponta Grossa.

Arabella, que havia acompanhado as declarações do apresentador pelas redes sociais, não imaginava que descobriria o mesmo problema em sua filha. Ela descobriu o retinoblastoma quando a criança foi fotografada com flash direto e a imagem revelou o “olho de gato”, que nada mais é do que um reflexo branco circular. 

Este reflexo é a primeira forma de identificação do tumor ocular infantil. Por conta de uma imagem compartilhada pelo apresentador de televisão, a mãe soube que o reflexo no olho de sua filha poderia ser mais do que apenas um erro de iluminação na imagem. "Identificamos o sintoma assim que vimos a foto na câmera. Levei ao médico e, infelizmente, a doença estava em um grau avançado".

O oftalmologista GianMarco Penteado, especialista em cirurgias oculares em Ponta Grossa, foi quem realizou a consulta. Ele nunca tinha visto caso específico  em anos de carreira, mas imediatamente soube que se tratava de um câncer maligno, que precisaria de tratamento instantâneo. O tumor cresce muito rápido e pode contaminar o sangue ou outros órgãos, tornando o caso ainda mais grave. 

O médico transferiu o caso para uma clínica especializada em Curitiba. Porém, o tratamento ocorreria de fato em São Paulo, única cidade que possui a quimioterapia específica para o caso. Daí a dificuldade: o plano de saúde contratado pela família não abrange outras cidades. 

"Como o retinoblastoma cresce rápido, optamos por iniciar o tratamento de uma vez, com consultas particulares. Se precisar vender o carro, não tem problema, priorizamos a saúde dela", conta a mãe.

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Retinoblastoma

O retinoblastoma é um câncer ocular maligno que ocorre em crianças, geralmente até cinco anos de idade. A incidência da doença é rara e representa apenas 3% dos cânceres infantis. O tumor afeta as células da retina, principais responsáveis pela visão,  podendo ocorrer em um olho ou em dois. O caso de Ponta Grossa se refere a um tumor unilateral, em apenas um olho, e comprometeu 70% da visão da criança. 

A doença é classificada em cinco estágios, que indicam a intensidade do tumor. Além desta classificação, a doença é entendida como intraocular ou extraocular, indicando a localização das células cancerígenas. 

Os cânceres extraoculares podem atingir outros órgãos, como o cérebro ou medula óssea, requerendo um tratamento mais intenso. O diagnóstico precoce pode impedir que o grau aumente e o tumor intraocular se prolifere para fora dos olhos.

A filha de Arabella foi classificada em grau quatro. O tumor se encontra dentro do globo ocular. "Mesmo desesperados com a situação, ficamos esperançosos ao saber que não se tratava do tumor extraocular, ainda temos chance de reverter a situação", conta a mãe.

 

Tratamento

O tratamento da doença é realizado com quimioterapia, com duas opções de tratamento. A quimioterapia sistêmica, que injeta o medicamento pela veia, ou a quimioterapia cateterial, que é realizada pelo olho - esta opção injeta menos medicamento, mas com uma concentração maior, o que gera resultados mais rápidos. A média de sessões de quimioterapia para este tipo de intervenção é de quatro a cinco vezes. 

"Existe um medicamento específico para o retinoblastoma que pode ser feito pela quimioterapia de cateterismo e vai até a circulação cerebral. É bastante seguro e não apresenta risco visual, na maior parte dos casos melhorando a visão", explica o oftalmologista. 

Em Ponta Grossa, a família iniciou o tratamento de quimioterapia em maio. Os retornos ocorrem mensalmente, mas, no momento, não é possível estimar a duração do processo.

 

download.gifFicha Técnica:

Reportagem e gráfico: Marcella Panzarini

Supervisão de Produção e Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

 

Adesão a empresas de assistência médica é uma das soluções encontradas

 

Os planos de saúde individuais tiveram o maior reajuste concedido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANSS) das últimas décadas: de até 15,5% em 2022. Entretanto, quem possui planos em convênios com empresas também enfrenta dificuldades financeiras na atual inflação da economia no país. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o custo de vida aumentou 10,38% este ano. Em Ponta Grossa, os planos empresariais também aplicaram correções na mensalidade.

 

Segundo Daniel Rodrigues Costa, que pagava individualmente um plano de saúde para ele e seu filho de nove anos, optou pelo cancelamento por conta do aumento no valor da mensalidade. “Quando se paga por um plano sem nenhum convênio com empresas, fica bastante inacessível. Quando meu filho precisou ser internado, boa parte do meu salário ia para a mensalidade, então precisei cancelar”, explica.
Para Vanessa Edling, que possui plano de saúde há cinco anos, o aumento por conta da idade foi de 15%. Porém, como faz tratamento e necessita de exames mensalmente, não consegue cancelar. “Pago todo mês atrasado, em alguns meses preciso esperar o salário seguinte para completar a mensalidade”, comenta. 

 

ATENDIMENTO MÉDICO SAÚDE Mariana Okita

Foto: Mariana Okita (arquivo / acervo periódico)

O relato de Vanessa vai ao encontro da situação de Eleane Veiga, que precisou reavaliar as contas da casa para englobar o plano. “Eu ainda mantenho o plano familiar porque sempre estou utilizando, minha filha fez uma endoscopia. Tudo está mais caro, a gente paga pra ter saúde, mas desgasta ela pra conseguir sustentar as contas”, diz.

 

Alternativas

Um dos caminhos para quem não consegue pagar por um plano de saúde são as filiações de assistência médica, em que a pessoa que possui o cartão de adesão tem acesso a descontos em consultas e exames clínicos. 

 

Conforme Rayane Mainardes, funcionária de uma destas empresas, houve um aumento da procura por esta categoria de serviço em 2022. “O usuário cadastrado paga quando precisa utilizar o serviço, através de contratos e parcerias com médicos e clínicas, recebendo descontos”, explica.

 

Catarina de Cândia utiliza o cartão de assistência médica desde 2018. “A diferença de valores do serviço para um plano de saúde é muito significativa, e é uma boa alternativa para quem não consegue pagar por um plano convencional”, pondera.

 

Marília Gabriela Tizon, funcionária de outra empresa de atendimento, explica que o aumento da procura pelo serviço se deu principalmente nas áreas de cardiologia e pneumologia por conta das sequelas da Covid-19. “A procura por neurologistas pediátricos aumentou em 90%, pois muitas escolas encaminham crianças para esta área. Como as agendas desta categoria ficam muito cheias, a procura por clínicos gerais aumenta também. Este ano ficou em 70% a mais que no ano passado”, conta.

 

Ficha Técnica

Reportagem: Valéria Laroca

Edição e publicação: Lucas Ribeiro

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Neste ano, houve apenas um caso envolvendo crianças

De janeiro a maio de 2022, o Corpo de Bombeiros de Ponta Grossa registrou 9 ocorrências de acidentes com queimaduras. Isso representa uma diminuição de 50% no número de casos em comparação com o mesmo período do ano passado.
Ponta Grossa não tem um pronto-socorro especializado em queimaduras. Os casos mais leves são tratados nas próprias Unidades de Pronto Atendimento. Quando os acidentes são mais graves, as vítimas são encaminhadas ao Hospital Universitário da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Em casos de maior complexidade, as vítimas são transferidas para os centros especializados de Curitiba ou Londrina.
No ano passado, três acidentes envolveram crianças e, neste ano, há uma ocorrência registrada pelo Corpo de Bombeiros. A mãe da criança, Aline Slominski relata que em abril deste ano, o filho de um ano queimou a mão no escapamento da moto. De imediato, ela colocou a mão do menino embaixo de água corrente para interromper o processo de queimadura. "Levou mais de 40 dias para sarar a palma da mão dele, foi um processo muito lento. Eu percebi que tem muita desinformação em relação a essa questão da queimadura, porque os médicos dão opiniões diferentes e existe a falta de conhecimento nosso, enquanto pais’’.

 

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Queimaduras de segundo grau podem causar vermelhidão e bolhas/ Foto: Arquivo Pessoal 


O tratamento é realizado de acordo com o grau do ferimento. Segundo a dermatologista Cristiane Hass, existem três tipos. O primeiro é mais superficial e gera dor e vermelhidão. O segundo, além dos mesmos sintomas, há a formação de bolhas e o terceiro pode atingir estruturas mais profundas como nervos, ossos e músculos. “Nos dois últimos casos, pode ser necessário retirar a pele morta do local e utilizar pomadas antibióticas para tratar e prevenir infecções’’. Após a queimadura, é aconselhável colocar a parte atingida em água corrente e procurar atendimento médico, em caso de emergência.

 

Ficha Técnica

Reportagem: Isadora Ricardo

Edição e publicação: Catharina Iavorski e Lilian Magalhães

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Além da instabilidade do ConecteSUS, prefeitura e Ministério da Saúde culpam um ao outro

 

Com base em dados da prefeitura de Ponta Grossa, sobre a cobertura vacinal na cidade, quase 93% das pessoas receberam as duas doses da vacina contra a Covid-19. Entretanto, alguns vacinados notaram que as doses aplicadas não constam no sistema do ConecteSUS - que contém dados sobre procedimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como a vacinação. A ausência do registro oficial faz com que os moradores do município se questionem se o percentual de vacinados está correto.

Esse é o caso de Elza Rebonatto que, por ter 69 anos, possui o esquema vacinal  completo, com duas doses, desde maio de 2021. A aposentada afirma não confiar no "vacinômetro" da prefeitura. “Se eu, que já tomei a primeira dose de reforço a algum tempo, que nem está registrada no sistema, como podem provar que essa porcentagem é verdadeira?”.

Elza descobriu que não constava a terceira dose registrada no ConecteSUS ao ir tomar a vacina contra a influenza. “Quando a enfermeira perguntou o porquê de ainda não ter tomado a terceira dose, eu fiquei em choque e, por azar, nem estava com o papel colado na carteirinha, que eles dão ao ir tomar a vacina”, relembra. 

Ao chegar em casa, a idosa conseguiu encontrar o comprovante da terceira dose. Porém, diz não saber como resolver o problema. Segundo ela, a enfermeira que a atendeu não soube explicar como ela deveria comprovar o esquema de vacinação. 

O mesmo questionamento é feito pelo assessor de comunicação, João Guilherme Castro, de 24 anos. Mesmo com as três doses recebidas, ele não consegue comprovar a dose de reforço. “Eu tenho as minhas três doses registradas na carteirinha, mas se precisar de um comprovante oficial, infelizmente só poderei comprovar as duas doses”.

Ana Paula Pontaldi, assistente de juiz, também enfrentou a demora para ter a segunda e a terceira doses comprovadas no ConecteSUS: a segunda foi aplicada em Ponta Grossa e a terceira em Blumenau, Santa Catarina.

Em Ponta Grossa, ela precisou ir até o Pronto Socorro para comprovar a segunda dose. “Como a terceira dose, aplicada em Blumenau, demorou mais de um mês para aparecer no sistema, resolvi entrar em contato com a prefeitura de lá pelo Instagram e, cerca de meia hora depois de ter enviado os meus dados, a minha terceira dose foi comprovada.”

Foto Diego Chila

Foto: Diego Chila

Leva-e-traz

  Para o Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), o problema nos registros das vacinas aplicadas na população são de responsabilidade do DataSUS, gerenciado pelo Ministério da Saúde. A mesma alegação é feita pela Prefeitura de Ponta Grossa, ao mencionar que o Ministério da Saúde apontou instabilidades do ConecteSUS. A prefeitura ainda comunica que o problema no sistema não possui relação alguma ao ataque hacker que aconteceu em dezembro de 2021. 

Sobre a perda do cartão ou do selo de vacinação, a Prefeitura reforça o cuidado com os documentos. Caso não haja a confirmação da comprovação das doses, o cidadão é considerado como não vacinado. Em Ponta Grossa, para solicitar a atualização e inclusão dos dados, o vacinado precisa ir até o Centro de Imunização, que fica aos fundos do Pronto Socorro Doutor Amadeu Puppi, portando a carteira de vacinação e os documentos pessoais.

Em nota, o Ministério da Saúde informa que não há instabilidade no ConecteSUS. Além disso, esclarece que o sistema espelha exatamente os registros inseridos pelos estados e municípios através da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), conforme a Lei Nº 14.124/2021. O ministério também explica que, quem não tiver o registro disponível no aplicativo em até 10 dias após a data da sua vacinação, ou que o registro apresenta informações incorretas, deve buscar o local de vacinação ou as secretarias de saúde da cidade em que tomou a dose, para solicitar a correção.

 

Ficha técnica

Reportagem: Leriany Barbosa

Edição e publicação: Diego Chila e Tamires Limurci

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Banco de Leite Humano não supre necessidades dos hospitais da região entre janeiro e abril

Em maio se comemora o Dia Mundial de Doação de Leite Humano mas, em Ponta Grossa, houve falta de leite materno nos primeiros quatro meses deste ano. O Banco de Leite Municipal de Ponta Grossa não atingiu o mínimo necessário de 130 litros para atender a cidade. No período de janeiro a abril, deveriam ser arrecadados 520 litros e o índice não chegou nem a 375. Segundo a Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH) - Brasil, o menor índice foi em abril, com 79,3 litros de leite. 

 

“Estamos com estoque baixo, praticamente sem. Tivemos que diminuir os pedidos dos hospitais porque não conseguimos mandar todo o leite necessário”, salienta a nutricionista responsável pelas doações, Letícia Cruziniani. A baixa doação ainda é reflexo da pandemia. De acordo com a profissional, devido ao isolamento pandêmico, era possível fazer a coleta na casa das mulheres e, com a volta das atividades laborais, essa medida não é mais viável.

 

O leite materno arrecadado em Ponta Grossa atende os recém-nascidos das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), dos hospitais Unimed, Santa Casa e o próprio Hospital Universitário Materno-Infantil da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A última vez que o Banco de Leite em Ponta Grossa alcançou a meta ideal foi nos meses de junho e julho de 2021, com 140,5 e 150,5, respectivamente. 

 

Para além da pandemia, algumas mães não doam por acreditar que possa faltar leite aos seus filhos. Cláudia Cancian, técnica de laboratório no BLH de Ponta Grossa, explica  que esse pensamento não é verdadeiro. “Se ela estimular pra tirar leite, nunca vai sentir a mama vazia, pois ela tem uma média de produção acima do consumo do bebê”, explica. 

 

Caso não haja doação e o Banco tenha falta de leite para a UTI, é necessário completar a alimentação dos bebês internados com leite de fórmula, que não é ideal  do ponto de vista nutricional para os primeiros meses de vida.

 

Situação Global

A Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH) - Brasil foi criada em 1998, em uma parceria do Ministério da Saúde (MS) e da Fundação Oswaldo Cruz, e tem como objetivo promover o aleitamento materno, coletando e distribuindo leite. O Ministério da Saúde (MS) recomenda que o leite materno seja a única fonte alimentar dos recém-nascidos de até 6 meses e, até os dois anos de idade, ainda permaneça na dieta da criança. 

 

E maio, comemora-se o Dia Mundial de Doação do Leite Humano. A data reforça a importância da doação para prover a alimentação de bebês que não conseguem ser amamentados por suas mães devido a dores, doenças, ou pega incorreta da mama.  

 

Para doar

As mães que desejam doar podem entrar em contato com o BLH do Hospital Universitário, pelo WhatsApp (42) 99102-0564 ou pelo fixo (42) 3311-8400. Após o contato, a mulher é cadastrada com algumas informações sobre seu estado de saúde. Com a confirmação do cadastro, o Humai disponibiliza material para coleta do leite, que será realizada semanalmente. A coleta também pode ser feita na sede da instituição, localizada na Rua Dr. Joaquim de Paula Xavier, 500, na Vila Estrela. "A rede de apoio é muito importante. Se a mãe não tem colaboração em casa, ela não tem tempo para fazer a retirada, que demanda tempo, pois é extração manual’’, afirma Claudia Cancian.

 

Ficha técnica:

Reportagem: Bettina Guarienti e Isadora Ricardo

Edição e Publicação: Maria Eduarda Ribeiro

Supervisão de produção: Muriel E.P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Em média, 200 pessoas procuravam a UBS Sady Silveira; cerca de 12 são atendidas diariamente

Desde o dia 16 de maio, os serviços oferecidos pela Unidade Básica de Saúde (UBS) Sady Silveira, em Olarias, foram transferidos para a UBS Madre Josefa, na Vila Princesa. Para conseguir atendimento, pacientes precisam andar mais de 3,5 quilômetros, um caminho formado por ladeiras. A mudança é resultado da inauguração do Centro de Atendimento da Criança (CAC), que atende a população infantil de Ponta Grossa na antiga estrutura da unidade Sady, onde estão concentrados todos os atendimentos.

O trajeto entre as unidades leva cerca de 43 minutos a pé e 20 minutos de ônibus. Devido ao tempo de deslocamento, alguns pacientes optam pelo transporte por aplicativo. Moradora de Olarias, Janete Fonseca Mendes, de 61 anos, tratava ferimentos no rosto na unidade Sady, que foi fechada. Agora, ela precisa ir até Uvaranas para conseguir acompanhamento médico. "Preciso gastar mais que o dobro com locomoção do que antes. É perigoso vir andando já que é distante e ainda estou com a vista debilitada". 

De acordo com Janete, outros exames que estavam marcados precisaram ser adiados, o que atrasa ainda mais o tratamento. Com a transferência, toda a estrutura da UBS foi remanejada de forma improvisada para duas salas da unidade Madre Josefa, uma delas a de vacinação, o que gerou a suspensão da aplicação de vacinas.

 

Dificuldades de atendimento

Cerca de 10 mil pessoas eram cadastradas para o atendimento na UBS Sady Silveira. Segundo uma funcionária que não quis ser identificada, em média, 200 moradores procuravam a unidade por dia. Hoje, na unidade temporária, esse número é de aproximadamente 12 pacientes. Para ela, a distância entre os postos dificulta o deslocamento até a unidade. Além disso, o espaço cedido na UBS Madre Josefa não é suficiente para fazer certos atendimentos.

Atualmente, sete profissionais atendem os pacientes da unidade Sady, localizada na região de Olarias. Antes, eram 12, mas parte foi enviada para outras unidades. Com as limitações na estrutura e a redução da equipe, os pacientes atendidos têm acesso apenas a pedidos de receitas, consultas que já estavam agendadas e coleta de sangue em um espaço improvisado até a Prefeitura definir um novo local.

Na unidade para onde os atendimentos foram transferidos, UBS Madre Josefa, um pai que faz parte da associação de moradores da Vila Princesa e preferiu não se identificar, diz que “não tem estrutura para suportar todos os funcionários e a população dos bairros que buscam atendimento”. Atualmente, o local recebe moradores da Vila Princesa, Coronel Cláudio e de Olarias. 

 

Centro de Atendimento da Criança

O novo Centro de Atendimento da Criança (CAC) foi inaugurado em 16 de maio. Antes, a população infantil era atendida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Sant’Ana, no centro da cidade. A abertura do espaço faz parte das cinco metas do município para a área da saúde. Uma das principais propostas é acelerar o atendimento infantil na região, destinando um local exclusivo para crianças de até 11 anos. No entanto, por ser o único local a prestar o serviço para este público, o tempo de espera permanece longo.

Na última quinta-feira (19), a equipe do portal Periódico esteve no local e acompanhou pais, mães e responsáveis que declararam aguardar mais de 3 horas após a triagem para a consulta. Rodrigo Silva, pai de uma criança de oito anos, mora em Ponta Grossa há um mês. Ele se diz impressionado com a demora no atendimento infantil. “Estava procurando um atendimento particular agora pela internet, já que estamos esperando há 3 horas e ela está piorando”, diz o pai da criança, que foi transferida de uma Unidade de Pronto Atendimento para o CAC.

UBS Ponta Grossa PG saúde Moradores esperam até 3 horas por atendimento no Centro de Atendimento da Criança em 19 de maio de 2022. Foto: Matheus Gaston

 

Para Simone Penteado, que está grávida e buscou atendimento no centro infantil para seu filho de 5 anos, o deslocamento do bairro onde mora para a unidade de Olarias é difícil. “Agora com o CAC, não quiseram atender na UBS de Oficinas. Estão encaminhando para cá. Precisei vir de Uber por causa da distância, mas caso precise voltar mais vezes, se torna inviável devido ao gasto com transporte”. 

Pouco depois da chegada dos repórteres no Centro de Atendimento da Criança, uma funcionária pediu que os estudantes fossem para a área externa e questionou quem havia autorizado a produção de fotografias e a realização de entrevistas. Por se tratar de um espaço público, o registro fotográfico é permitido, e a autorização das entrevistas depende apenas das pessoas consultadas. Mesmo assim, a funcionária comunicou a presença da equipe ao setor de Comunicação do município, e, somente depois disso, disse que os estudantes poderiam fazer fotos e conversar com os pacientes.

 

Prefeitura

Através de e-mail, a reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Ponta Grossa para questionar até quando os pacientes de Olarias serão atendidos na unidade Madre Josefa. Perguntou também se o município planeja reabrir a UBS Sady Silveira em um novo espaço e quando isso deve acontecer.

Também perguntamos em que momento foi decidido que o Centro de Atendimento da Criança iria funcionar na estrutura do postinho Sady, quais adaptações foram feitas no local e quanto foi gasto nesse processo. Até o fechamento do texto, não houve resposta.

 

Ficha técnica

Reportagem: Matheus Gaston e Victória Sellares

Edição e publicação: Victória Sellares, Maria Helena Denck 

Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen

Segundo os dados disponíveis, são 40 casos positivos e duas mortes.

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Fonte: Agência Brasil

 

Desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020, Ponta Grossa registrou 40 casos da doença entre moradores de rua da cidade. Além disso, duas mortes foram confirmadas. Contudo, não existem estatísticas oficiais. Segundo Rose Christoforo, coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS-POP, “podemos computar uns 40 casos, mas não podemos afirmar com certeza, alguns não chegaram ao nosso conhecimento”. 

De acordo com dados da Assistência Municipal de PG, são 150 homens e 10 mulheres em situação de rua na cidade. Christoforo afirma que o número aumentou por conta da pandemia, mas não é possível ter dados atualizados pois, segundo a coordenadora, muitos itinerantes vem para a cidade e alguns permanecem em situação de rua, além de outras pessoas que, mesmo possuindo moradia, permanecem, sobretudo, na área central da cidade. 

Dados do CadÚnico mostram que o número de pessoas morando na rua no Paraná aumentou 49,3% nos últimos três anos. Em Ponta Grossa, são 9.427 famílias em situação de extrema pobreza, segundo a mesma fonte. O Cadastro Único é uma iniciativa que soma um conjunto de informações sobre as famílias brasileiras em situação de pobreza e pobreza extrema. São com essas informações que os governos implementam políticas públicas para promover a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. 

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Segundo a ONG Anjos da Noite, que ajuda moradores de rua com alimentos, roupas e produtos de higiene, aumentou o número de pessoas na rua. De acordo com um dos fundadores, Lucas Malaquias, a ONG atendia, até o fim de 2021, cerca de 30 moradores de rua e 25 pessoas em trânsito, que vão de uma cidade a outra. Malaquias percebeu aumento de pessoas, mais de transitantes do que de moradores de rua. 

Quanto aos casos positivos de Covid-19, eles conhecem poucos. Porém, os integrantes da ONG ouvem relatos de mortes durante os atendimentos, de colegas e companheiros dos moradores de rua que faleceram por conta da doença. 

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Mesmo sem dados oficiais, Christoforo acredita que 85% daqueles que estão em situação de rua tomaram a vacina de dose única contra a Covid-19, e aguardam a dose de reforço. A Abordagem Social, da Fundação de Assistência Social de Ponta Grossa, está realizando, desde o começo da pandemia, o atendimento de pessoas em situação de rua, de acordo com os protocolos. 

“Encaminhamos para UPAS, Casa da Acolhida, Campanhas de Vacinação onde foi coberto a grande maioria de pessoas em situação de rua, de abrigos, comunidades terapêuticas, acolhimentos institucionais, entre outros”, explica Christoforo.

 

Ficha Técnica:
Reportagem: Emanuelle Salatini
Supervisão de produção de texto: Marcos Zibordi
Supervisão da disciplina de NRI III: Marcelo Bronosky e Muriel Amaral