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- Produção: Larissa Del Pozo
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Em Ponta Grossa, as famílias enfrentam problemas estruturais e lixo nas proximidades de suas casas
De acordo com dados da Fundação João Pinheiro, de 2019, mais de 5,8 milhões de moradias brasileiras encontram-se às margens de córregos. Essa é uma realidade das famílias do arroio Pilão de Pedra, em Ponta Grossa. Com mais de oito quilômetros quadrados de abrangência, o riacho atravessa a cidade, com o curso d'água do Centro até o bairro Neves. Quem mora na região enfrenta condições precárias de moradia, tais como a dificuldade de acesso e risco de deslizamento em suas residências. Um dos principais problemas da cidade é a urbanização desigual e a ocupação irregular dessas margens.
Diante destas situações, o termo déficit habitacional é a definição apropriada para se referir ao número de famílias residentes nessas condições precárias pelo país. A maior parte deste índice é produto da urbanização não planejada das cidades e da carência de políticas públicas habitacionais para atender as famílias. De acordo com a geógrafa, Karin Linete Hornes, a instalação de moradias às margens dos arroios acompanhou o movimento de urbanização de Ponta Grossa. Visto que, ao longo deste processo, a canalização da água e esgoto demorou para acontecer.
“O motivo da população ter sido instalada próximo aos arroios atualmente, deve-se a incompetência, má gestão pública e a interesses de especulação imobiliária”, revela Karin. Ela ressalta que estas habitações são um reflexo da desigualdade social e despreocupação com os cidadãos. “Acontece que nem todos possuem condições financeiras adequadas para adquirir moradias dignas, por isso acabam se apropriando de áreas de risco, principalmente estas próximas aos arroios”, completa.
Sobre as construções de moradias às margens dos arroios, o Engenheiro Civil e Pós Doutor em Engenharia Sanitária Ambiental, Guilherme Vuitik, compreende que as famílias instaladas nestas regiões são vítimas do mau planejamento urbano da cidade. O engenheiro, expõe que este processo de urbanização da cidade sem um projeto, colabora para impermeabilização do solo - processo que auxilia para a vazão de água nos arroios se intensificar. Isso se dá pelo fato de que, em períodos chuvosos, a água deixa de realizar seu ciclo completo até chegar aos arroios, sobrecarregando o sistema de vazão dos córregos.
Outro problema que afeta o escoamento das águas pluviais é a presença de resíduos sólidos irregulares ao longo do curso dos arroios. De acordo com a Doutora em Engenharia Civil na área de Hidráulica e Saneamento, Maria Magdalena Doll, a presença de lixo nestas regiões aliada as ligação de esgotos irregulares, colabora para que os moradores identifiquem o arroio como um “esgoto”. Além disso, ela ainda explica que a sobrecarga na vazão se dá pelo entupimento dos cursos de água devido a ação humana, o que ocasiona no aumento dos níveis do arroio em algumas regiões.
Para o professor e chefe do Departamento de Engenharia Civil da UEPG, Carlos Emmanuel Lautenschläger, as construções próximas aos cursos d’água devem ser avaliadas com critérios técnicos antes de serem edificados, considerando as especificidades do local. Ele esclarece que os fluxos dos arroios podem gerar alterações no comportamento do solo, bem como, nos casos de terrenos mais inclinados, as construções podem ser prejudicadas devido à instabilidade.
Moradores
Com problemas no relevo local, os moradores do arroio tentam desviar das complicações "secundárias" de infraestrutura, como rachaduras nas paredes e deslizamentos. Moradora há quarenta anos na região, a dona de casa, Suzana de Moraes, conta que o arroio consumiu seu terreno ao longo do tempo. No espaço em que ficava seu quintal o solo e as árvores foram levados pela água. Ela relata que sua casa também tem problemas estruturais, como rachaduras e umidade. Além disso, a proprietária revela que o terreno sofre instabilidades o que impossibilita a construção de muros na frente da casa. “Nem compensa reformar, porque daqui uns anos o arroio chega aqui”, lamenta.
Nas proximidades da casa de Suzana, a presença de lixo também é um fator agravante na precarização dessa região. “Vem gente e joga sacoladas de lixo aqui no esgoto, é um absurdo”, revela a dona de casa. Outro fator recorrente na fala dos habitantes refere-se à presença de resíduos sólidos, tanto na água, quanto nas margens do arroio. De acordo com Márcia Regina Cilian, moradora da região há mais de vinte anos, o córrego passou a ser considerado um esgoto pela população local, devido a presença de muito lixo e sujeira nas águas, colaborando para que haja uma inundação.
As dificuldades de acessos às próprias casas, também são enfrentadas pelos moradores próximos ao Pilão de Pedra. Para conseguir chegar em casa, o motorista Marcos Willian precisa atravessar a pé pela estreita ponte construída pela prefeitura em cima do arroio. Durante o período de chuvas, a instalação precisou ser refeita, pois a água arrastou a travessia, o que obrigou o morador a erguer outra alternativa de acesso para sua casa. Marcos também explica que o barracão ao lado de sua casa tem rachaduras tanto na estrutura quanto no solo e confirma que a presença do arroio esteja influenciando nesta situação.
A dona de casa Márcia Regina Cilian, revela que ela e sua família moram em casas suspensas nos barrancos acima do arroio Pilão de Pedra. Ela conta que sua casa possui os mesmos problemas que a residência de Marcos. Ainda assim, comenta que, graças às árvores ao entorno do terreno, as estruturas têm mais sustentação para não deslizarem o morro abaixo.
Por ter vivido a infância nos arredores do arroio, Márcia tem memórias do local e das antigas características do espaço. A dona de casa aponta locais nos barrancos onde havia casas que foram levadas pelo arroio, devido a deslizamentos e problemas no solo. Além disso, lembrou do caso que ocorreu há aproximadamente dois anos, onde uma diarista que trabalhava na vizinhança, foi vítima das enchentes causadas pelo córrego. A mulher foi levada pela água após salvar a vida de uma criança.
Foto e vídeo: Larissa Del Pozo
Ficha técnica
Reportagem: Larissa Del Pozo
Edição: Julia Andrade e Vanessa Galvão
Publicação: Vanessa Galvão
Supervisão de produção: Manoel Moabis Pereira dos Anjos
Supervisão de publicação: Marizandra Rutilli e Luiza Carolina dos Santos
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- Produção: Maria Eduarda Ribeiro
- Categoria: Cidade e cidadania
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Campanhas de vacinação não contemplam essa população que fica mais suscetível a doenças
Até o fim deste ano, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) imunizou cerca de 280 mil pessoas em Ponta Grossa, com a primeira dose da vacina da covid-19. Nesta estatística, divulgada pela Secretaria de Saúde do Estado do Paraná (SESP/PR), está inclusa a população geral, indígenas e quilombolas. Porém, não há dados relacionados à população de rua. No município, essas pessoas não são público-alvo em campanhas de vacinação devido à ausência de políticas públicas.
Segundo dados da Fundação de Assistência Social de Ponta Grossa (FASPG), no período de janeiro a setembro deste ano, o município contava com 144 pessoas em situação de rua inclusas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). Mas esse número pode ser maior, uma vez que nem todas as pessoas realizam os cadastros. Em conversa com algumas delas na praça Barão do Rio Branco, centro da cidade, a reportagem averiguou que houve a imunização com apenas uma dose da vacina porque a pessoa entrevistada procurou uma unidade de saúde (UBS) para se vacinar. Todavia, não houve nenhuma ação municipal para realizar a imunização.
A situação de pessoas em condição de rua é precária, sendo que algumas delas não sabem como proceder em caso de doenças ou imunização. Sérgio, que não lembra do seu sobrenome, vaga pelas praças da cidade há mais de 10 anos e conta que em 2020 não entendia o porquê das pessoas usarem máscara no rosto. “Depois de meses eu fiquei sabendo que um vírus estava circulando por aí e as pessoas precisavam ficar trancadas em casa porque o vírus era perigoso. Fiquei pensando em nós [pessoas em situação de rua] que nem casa temos”, desabafa.
Mara Costa Ferreira soube da pandemia e para se proteger, quis tomar a vacina, mas não conseguiu por conta dos agendamentos que eram feitos exclusivamente pela internet. Apenas esse ano, com os mutirões da vacina, ela conseguiu se vacinar. Mara foi à Unidade de Pronto-atendimento (UPA) Santana com a intenção de tomar uma dose do imunizante, porém, foi instruída por uma enfermeira para ir até o Ônibus da Vacina, que circula em determinados pontos do centro, onde profissionais da saúde estavam aplicando as doses. Segundo ela, a aplicação da vacina foi constrangedora e com empecilhos desde o momento em que estava esperando para ser atendida. “As pessoas na fila me olhavam como se eu fosse um bicho. Quando chegou a minha vez, eu fiquei esperando mais um tempo porque a moça (enfermeira) não sabia se podia aplicar a vacina em mim só porque eu era moradora de rua e não tinha documentos”, relata.
Apenas pessoas em situação de rua que procuraram espontaneamente por uma Unidade Básica de Sáude ou Ônibus da Vacina foram vacinadas | Foto: Luiz Zak
Com a falta de campanhas de conscientização durante o período de vacinação para esse público, algumas pessoas não se vacinaram porque não sabiam dos cuidados que precisavam tomar para se proteger. Como é o caso de Zeca Rodrigues, 34 anos, que não tomou nenhuma dose contra a covid-19 e não lembra da última vez que se vacinou contra outras doenças. “Eu tenho medo de tomar essa vacina porque acho que pode ser para o mal. Não me preocupo muito com o vírus. De todas as preocupações que tenho na vida, pegar doença é o menor dos males”, conta. Rodrigues ainda desabafa que se sente excluído não somente pelos órgãos públicos, mas por toda a sociedade, que enxerga a população de rua com desprezo. “Para a maioria das pessoas, nós somos o refugo da sociedade, seres descartáveis que podem ser tratadas de qualquer maneira, mas ainda que com problemas e dificuldades nós somos seres humanos”, encerra.
A reportagem procurou a FMS por meio da assessoria de imprensa para questionar sobre os dados da vacinação para as pessoas em situação de rua. Porém, até o momento da produção desta matéria, a entidade não se manifestou para explicar se esta população foi assistida para ser imunizada contra a covid-19.
Ficha técnica:
Reportagem: Maria Eduarda Ribeiro
Edição e publicação: Kadu Mendes
Supervisão de produção: Muriel E. P. de Amaral
Supervisão de publicação: Candida de Oliveira e Marcelo Bronosky
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- Produção: Amanda Martins
- Categoria: Cidade e cidadania
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Segundo relatos, a maioria dos assédios são feitos por instrutores homens
Malhar o corpo e manter a saúde em dia é importante. Porém, essa atividade que deveria ser prazerosa é sinônimo de desrespeito e violência para algumas mulheres. A reportagem entrou em contato com um universo de mulheres que frequentam academias e, das 30 mulheres consultadas, 20 delas relataram que sofreram algum tipo de violência por assédio. A consulta abrangeu mulheres de 18 a 40 anos de diferentes classes sociais e raça.
Questionário realizado pela reportagem identificou 20 vítimas de assédio entre 30 mulheres consultadas | Foto: Amanda Martins
Uma das mulheres consultadas, que preferiu não se identificar, conta que já sofreu assédio sexual duas vezes de um instrutor na academia em que frequenta. “Ele foi me ajudar a utilizar o aparelho, mas ficou me tocando em partes que não eram necessárias. Isso me constrangeu muito na hora”, revela. De forma frequente, quando o assédio ocorre, nem todas as mulheres denunciam por não se sentirem protegidas, como é o caso de Alice Magalhães. Ela se sentiu intimidada quando passou pela violência e buscou ajuda com o proprietário da academia, mas não houve nenhuma atitude por parte dele. “Eu estava fazendo agachamentos, foi quando um dos professores chegou por trás dizendo que iria me ajudar, e tocou os meus seios. Ao final, eu subi à sala do dono da academia para relatar o que ocorreu, mas o professor continua trabalhando lá”, afirma.
Para além do assédio, outra fonte foi vítima por ser negra. Durante a prática dos exercícios, o instrutor passava a mão nas costas dela. “Ouvia que meu corpo era escultural e muito bonito por ser negra”. Para evitar o constrangimento, ela solicitou o auxílio de instrutoras, mas o assediador permanecia na academia. “Quando ia ao banheiro, ele me seguia”. Mesmo com esses acontecimentos, ela não o denunciou por medo de que as perseguições aumentassem.
De acordo com o artigo 216 do Código Penal Brasileiro, cometer assédio sexual é crime, e a pena pode chegar a dois anos de prisão. Além disso, há canais de denúncias como o número 190. Em Ponta Grossa, além das delegacias convencionais, há também a Delegacia da Mulher, onde podem ser feitas denúncias e boletins de ocorrência.
Ficha Técnica:
Reportagem: Amanda Martins
Edição e publicação: Cassiana Tozati
Supervisão de produção: Muriel E. P. do Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Ricardo Tesseroli
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- Produção: Leriany Barbosa
- Categoria: Cidade e cidadania
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Criada em 1991 pela ONU, só agora a iniciativa ganha projeto de lei no município
Políticas públicas destinadas às vítimas de agressões domésticas são importantes para 90% dos entrevistados do relatório “Redes de apoio e saídas institucionais para mulheres em situação de violência doméstica no Brasil”, realizado pelo Instituto Patrícia Galvão, em parceria com a Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) e o Instituto Beja. Divulgado em novembro, o estudo consultou 1.200 brasileiros de ambos os sexos.
Ponta Grossa conta com instrumentos de prevenção e combate à violência contra a mulher, como a Lei Maria da Penha (Lei 11.340, de 2006), uma delegacia especializada e a Casa da Mulher. Porém, segundo a pesquisadora de gênero e militante dos movimentos sociais e das lutas populares, Clara do Prado, eles são insuficientes. “A sua efetiva implementação demanda maior mobilização e investimento do Poder Público”, afirma Prado. A pesquisadora menciona os desafios encontrados por mulheres que buscam denunciar violências. “Temos o horário limitado de atendimento da Delegacia da Mulher, a demora ou o não atendimento quando a denúncia é feita por telefone, além da falta de formação de profissionais que atendem essas vítimas”, destaca.
Violência contra mulher requer políticas públicas específicas. Foto: Scarlet Rodrigues
Ainda sobre o relatório, 72% dos entrevistados afirmam que os policiais não acreditam na seriedade das denúncias de violência doméstica. Maria (nome fictício), viveu algo semelhante por parte dos policiais militares que a atenderam no início deste ano. Ela foi vítima de violência doméstica e os vizinhos chamaram a polícia, porém, a viatura só chegou quatro horas depois do chamado. “Ele (agressor) já tinha até fugido e eu, como estava com medo, resolvi não denunciar pela Lei Maria da Penha. Os policiais ficaram bravos, não entenderam minha reação, mas eu não estava preparada”, explica a vítima.
Em 1991, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou a campanha internacional “16 Dias de Ativismos pelo Fim da Violência contra as Mulheres”. Foi somente em novembro de 2022, após 31 anos da criação da iniciativa, que entrou em discussão na Câmara, o projeto de lei 350/2022, que instaura a campanha no município. O projeto encontra-se sob análise na Comissão de Legislação, Justiça e Redação.
O projeto, de iniciativa da vereadora Joce Canto (PSC), busca promover debates e campanhas para combater agressões, em consonância com o Plano Nacional de Combate à Violência Doméstica Contra a Mulher (PNaVID). Se aprovado, a campanha contará com ações educacionais, culturais e preventivas. “Também é preciso realizar capacitações para agentes públicos, principalmente voltado aos homens. Pois, mesmo que Ponta Grossa disponha de uma rede de proteção ativa, ela acaba sendo mais desempenhada por profissionais mulheres, nisso entra o ativismo para conscientizar a todos”, conclui a vereadora.
História dos 16 dias
A campanha ocorre em mais de 160 países anualmente. No Brasil, ela começa em 20 de novembro, dia da Consciência Negra, e segue até o Dia da Proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro. As ações no Paraná foram implementadas em 2020, conforme a Lei Estadual 20.234, com autoria de Mabel Canto (PSC), Cantora Mara Lima (PSC), Maria Victória (PP) e Luciana Rafagnin (PT), além dos deputados Luiz Cláudio Romanelli (PSB) e Professor Lemos (PT). Entretanto, neste ano foi a primeira vez que o movimento aderiu 21 dias no estado, devido à alteração na lei por parte da deputada estadual Cristina Silvestri (PSDB).
No mundo, a campanha foi iniciada pelo Centro de Liderança Global de Mulheres (CWGL), com o objetivo de debater e denunciar as várias formas de violência contra mulher. O período da campanha de 16 dias é devido ao assassinato de Las Mariposas, que ocorreu em 1961. O nome do grupo é em alusão às irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa que foram mortas por integrarem a oposição ao regime do ditador Rafael Trujillo, na República Dominicana.
Ficha Técnica:
Reportagem: Leriany Barbosa
Edição e publicação: Isadora Ricardo
Supervisão de produção: Muriel E. P. do Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Ricardo Tesseroli
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- Produção: Eder Carlos
- Categoria: Cidade e cidadania
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A presença de buracos e postes dificultam a circulação de deficientes visuais
Apesar da legislação brasileira exigir condições de acesso facilitado a portadores de deficiência nas vias públicas, em Ponta Grossa isto não é tão visível. Em uma caminhada curta pela região central é possível verificar que nem todas as ruas possuem calçadas adaptadas.
Um exemplo é a avenida Eusébio Batista Rosas, no Jardim Carvalho, onde as calçadas com pisos táteis estão em apenas algumas quadras. A via foi revitalizada e foram instaladas calçadas onde não existiam, mas os pisos táteis foram colocados na mesma linha de postes. De acordo com o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), no artigo 41, parágrafo 3º, as calçadas implantadas ou reformadas devem conter melhorias “com vistas a garantir acessibilidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida a todas as rotas e vias existentes”.
Orlando Eugênio de Freitas, de 50 anos, tem deficiência visual. Ele afirma que as ruas do município não foram projetadas para atender às pessoas com necessidades especiais. Ele destaca que são poucas as ruas que têm pisos táteis e, quando têm, apresentam problemas como buracos e substituição do piso por lajotas comuns, que causam incerteza ao deficiente visual. “Conseguimos seguir um piso tátil em linha reta e desviar de cada obstáculo é difícil. Colocar o piso na linha dos postes, por exemplo, parece uma piada de mau gosto”, desabafa.
Foto: Arquivo Periódico
A deficiente visual Simone de Paula, de 49 anos, concorda com Orlando quanto à falta de planejamento das ruas para os pedestres e a situação fica mais crítica quando se trata de deficientes visuais. Para ela, os pisos táteis são de muita valia, desde que instalados corretamente, mas em Ponta Grossa parece que foram colocados apenas para cumprir a lei e não pensando em dar acessibilidade. “Nós corremos nossa guia (bengala) no piso tátil e ele precisa ser livre. Não tem sentido ficarmos desviando de todos os obstáculos, pois isso não facilita nosso deslocamento”, afirma.
A fiscalização da execução de obras é responsabilidade da Prefeitura Municipal. Ela foi procurada por meio da Assessoria de Imprensa para comentar sobre a ausência de calçadas acessíveis, mas até o fechamento da edição não retornou o contato.
Ficha Técnica:
Reportagem: Eder Carlos
Edição e publicação: Catharina Iavorski
Supervisão de produção: Muriel E. P. do Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Marcelo Bronosky